A ação coordenada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em 2024 levou ao fechamento de 45 estabelecimentos comerciais na região da cracolândia, no centro da capital. Segundo o promotor Lincoln Gakiya, responsável pela operação, a medida desestruturou o ecossistema criminoso ligado ao tráfico de drogas e provocou o esvaziamento do chamado “fluxo”.
Em entrevista ao site Uol, Gakiya afirmou que a operação representou um duro golpe na organização criminosa que atuava na região. Ele, no entanto, fez críticas à politização do tema. “Gostaria de deixar claro que o Ministério Público não compactua com a exploração política dessa situação, como vocês mencionaram que pode estar ocorrendo. Existe, sim, um trabalho técnico por trás”.
Cracolândia: operação mirou rede de apoio ao crime
A ofensiva do MP foi batizada de Operação Saúde e Dignidade e ocorreu em agosto de 2024. Na ocasião, foram interditados hotéis, estacionamentos, lojas, centros de reciclagem e ferros-velhos — pontos comerciais que, conforme as investigações, integravam uma estrutura criminosa associada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Não houve mágica [com o esvaziamento da cracolândia]. Estamos colhendo agora os efeitos da operação”, afirmou Gakiya. Segundo ele, os alvos não se limitavam ao tráfico de drogas, mas faziam parte de uma rede que lucrava com diversos ilícitos, sustentando a permanência dos dependentes químicos na região.
Prisões, bloqueios e interdições
Durante a ação, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu sete mandados de prisão, 84 de busca e apreensão, além de 47 medidas de arresto, sequestro e bloqueio de bens. Outros 48 imóveis foram interditados por envolvimento com a organização criminosa.
As investigações apontam que a cracolândia funcionava como uma engrenagem alimentada por diferentes tipos de comércios irregulares, facilitando a logística do tráfico e a permanência dos usuários na região central da cidade.
A cracolândia ou por transformações nos últimos anos, com deslocamentos constantes do fluxo de usuários. Até semanas atrás, a concentração estava na rua dos Protestantes, mas já percorreu ao menos 18 vias distintas nos últimos 17 anos.
Segundo levantamento do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), no primeiro semestre de 2023 havia 72 pontos de aglomeração de dependentes químicos espalhados por 47 bairros da capital. Todas essas áreas estão dentro de um perímetro de aproximadamente 1 km².
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