Depois de uma decisão do Spotify de remover músicas que fazem apologia do crime, faixas de MC Poze do Rodo deixaram de estar disponíveis para os usuários.
O veto ocorreu depois que o funkeiro foi preso, na quinta-feira 29, sob acusação de exaltar organizações criminosas, especialmente o Comando Vermelho (CV). Poze é ex-traficante da facção. A equipe do Spotify nos Estados Unidos confirmou que avaliou composições do MC e de outros nomes do rap nacional.
Durante esse processo, a plataforma excluiu faixas e playlists que promoviam facções, atacavam policiais e relatavam histórias de traficantes e homicidas. Entre as músicas retiradas, está a faixa Fala que a Tropa É CV.
Um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro relata a relação próxima de Poze com a liderança do Comando Vermelho, ao frequentar festas nas comunidades do Complexo do Alemão e na Cidade de Deus, além de realizar shows contratados pela facção, o que teria facilitado a lavagem de dinheiro do tráfico.
Versos polêmicos e permanência de conteúdo
Nessa canção, Poze do Rodo utiliza versos como: “Se os cana brotar, a bala vai comer”, além de outras agens que exaltam o Comando Vermelho e fazem menção jocosa a grupos rivais.
As letras reforçam o discurso violento, incluindo frases como “Respeita o CV, que só tem bandido brabo, só menor de guerra, que bota pra f*der”. Mesmo com a exclusão de músicas, algumas playlists permanecem ativas no catálogo, como Comando Vermelho e Proibidão do CV.
Já a playlist Relíquias do CV foi removida. O Spotify também manteve a obra É o 1533, referência ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2021, MC Poze do Rodo liderou o Top 50 da plataforma entre os artistas fora do gênero sertanejo.
Além de MC Poze: outros artistas que fazem apologia do crime

O cantor de funk Oruam, filho de Marcinho VP — líder do Comando Vermelho, condenado a 44 anos por homicídio qualificado e formação de quadrilha —, mantém no Spotify músicas que fazem apologia de armas e drogas.
Em Assault (Carro Forte), faixa composta com Borges, Orochi, Chefin e Bielzin, Oruam canta: “Todos meus manos portando fuzil, todos meus manos portando uma Glock, meta dos cria: parar o Brasil e explodir a porra do carro-forte (…) É que o BG tá de Glock e o Bielzin tá de Glock. É que o Orochi ou de BM, sabe que ele é o rei do pinote”.
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Em fevereiro, Oruam foi detido em casa junto de Yuri Pereira Gonçalves, conhecido como “Pará”, que estava foragido por envolvimento com o Comando Vermelho.
Ele responde processo na 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro, acusado de promover, financiar ou integrar organização criminosa, com base no artigo 2º da Lei 12.850/13.
Leia também: “A glamourização do crime”, reportagem de Rachel Díaz para a Edição 258 da Revista Oeste
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