André Burger*
A recente eleição de Miriam Leitão para a Academia Brasileira de Letras (ABL) soma-se ao título de “Intelectual do Ano” que recebeu, em 2024, pela União Brasileira de Escritores (UBL). No ado, esse mesmo Prêmio Juca Pato foi concedido a nomes como Sobral Pinto, Jorge Amado e Fernando Henrique Cardoso. A comparação, embora desconfortável, é inevitável e, acima de tudo, reveladora. Ela simboliza a decadência da cultura brasileira.
A senhora Leitão a agora a integrar um grupo antes reservado aos grandes nomes da literatura nacional. Fundada por Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras abrigava originalmente escritores cuja obra atravessava gerações. Hoje, abriga também celebridades. Gilberto Gil, por exemplo, ao menos pode alegar alguma contribuição literária com suas composições — a música popular tem espaço legítimo na tradição poética. Já Fernanda Montenegro, atriz renomada, foi eleita tendo como obra literária um livro de memórias. Pode-se aceitar isso como exceção. O problema é que virou regra.
“O mérito foi substituído pelo marketing, e a literatura, pela visibilidade”
O artigo 2º do estatuto da ABL afirma que “só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário”. A regra, ao que tudo indica, vem sendo reinterpretada com a elasticidade da Lycra. A imprecisão dos critérios, somada à ânsia de agradar personalidades midiáticas e figuras influentes do mundo político, esvaziou o prestígio que restava à instituição. O mérito foi substituído pelo marketing, e a literatura, pela visibilidade.
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Mas o problema vai além da ABL. Basta observar a lista dos livros mais vendidos no Brasil. Em abril de 2025, segundo o site PublishNews, quatro dos dez títulos mais vendidos eram livros de colorir para adultos — os três primeiros do ranking, inclusive. Os demais são manuais de autoajuda com títulos motivacionais e promessas de sabedoria instantânea. Um dos campeões de vendas atende pelo nome Mais Esperto que o Diabo. Pois bem: se esse é o mais esperto, resta saber quem são os mais tolos.
A cultura brasileira a por um processo acelerado de infantilização e empobrecimento intelectual disfarçado sob o manto da “democratização”. Premia-se a figura pública, não a produção. Confunde-se alcance com relevância. Os mecanismos de consagração cultural — prêmios, academias, listas, colunas — foram capturados por critérios afetivos, midiáticos ou ideológicos, quase nunca literários. O resultado é uma cultura onde a celebridade vale mais do que a obra.
“O título Mais Tolo que o Tiririca já não é um exagero retórico”

Esse declínio também se manifesta no ambiente acadêmico. As universidades brasileiras, sob o pretexto de “inovação” e “crítica social”, têm produzido dissertações e teses que beiram o grotesco. Há trabalhos de pós-graduação sobre o youtuber Felipe Neto, discursos de gênero no Big Brother Brasil e até análises sobre o “comportamento piriguete” como fenômeno sociológico. Claro, temas de altíssima relevância para a construção da ciência e do conhecimento humano (ironia incluída).
Não por acaso, o Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes, jamais recebeu um Prêmio Nobel, seja em literatura ou em ciência. É triste a comparação com nossos vizinhos e pares: Argentina, com cinco prêmios; México, com três; Chile, Colômbia e Guatemala com dois cada um; Peru e até a Costa Rica. São países com menos população e recursos que produziram excelência onde nós produzimos celebridades.
Vivemos a era em que, quanto mais banal, mais visível; quanto mais superficial, mais celebrado. A inteligência virou sinônimo de afetação; a crítica, de ressentimento. O talento deu lugar à performance. A cultura foi sequestrada por quem fala sobre ela, não por quem a constrói.
Hoje, o título Mais Tolo que o Tiririca já não é um exagero retórico. É um diagnóstico. Como dizia Nelson Rodrigues: a unanimidade é burra. Sobretudo quando é promovida em nome da cultura.
*Economista e conselheiro superior do Instituto Liberal.
No fundo do poço ainda tem um alçapão!
Tem coisa muito pior, caro articulista.
Neste país de cabeça para baixo materialmente mostrado pela anencéfala Dilma, concordem comigo:
“Como entender o título de Presidente do Brasil a um sabidamente ladrão descondenado, analfabeto, mentiroso, vigarista, patoteiro e chefe de um bando de saqueadores da nação?”
Gênio da política nacional com o mérito de ter mudado a unidade de assalto ao bilhão de reais, pior, sem que o populacho tenha noção do volume desta quantia…
Quanto é muito dinheiro? Uma Mega-Sena acumulada ganha sozinho?
E o ‘Zé mané’ conformado com a perda da ‘picanha’ no churrasquinho da laje…
Como disse o mestre Augusto Nunes, a ABL criou cotas para analfabetos.
“Pior que tá, não fica”. Pior que sim.
Mais tolo que o Tiririca, o eleitor de Tiririca.
Tiririca de longe nao é o pior deles, Ele faz rir. Os outros chorar e se desesperar