A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) fechou o primeiro trimestre de 2025 com um prejuízo líquido de R$ 1,725 bilhão. No mesmo período do ano anterior, a estatal havia registrado resultado negativo de R$ 801 milhões — uma alta de 115%.
O desempenho da empresa foi impactado por uma combinação de queda de receita, aumento de custos operacionais e despesas extraordinárias. A receita líquida de vendas e serviços recuou de R$ 4,5 bilhões no 1º trimestre de 2024 para R$ 3,95 bilhões no mesmo período de 2025, uma retração de cerca de 12,3%.
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A redução foi puxada, sobretudo, pelo encolhimento nas receitas de postagens internacionais, que caíram de R$ 945 milhões para R$ 393 milhões no comparativo anual, de acordo com as demonstrações financeiras publicadas nesta sexta-feira, 30.
Os custos operacionais apresentaram alta. O custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados subiu de R$ 3,8 bilhões para R$ 4,01 bilhões. Só os gastos com pessoal aumentaram de R$ 2,54 bilhões para R$ 2,77 bilhões, o que reflete reajustes salariais e benefícios pactuados no Acordo Coletivo de Trabalho.
As despesas istrativas também cresceram e alcançaram R$ 1,22 bilhão, ante R$ 1,06 bilhão no ano anterior. Dentro desse grupo, destaca-se o valor de R$ 389 milhões pagos em precatórios e requisições de pequeno valor (RPVs), praticamente o triplo dos R$ 133 milhões desembolsados em 2024.
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No campo financeiro, a empresa arrecadou R$ 50,5 milhões com receitas diversas, como rentabilidade de aplicações e ganhos com hedge cambial, mas enfrentou despesas financeiras de R$ 282,9 milhões, mais que o dobro do ano anterior (R$ 138,2 milhões).
Com isso, o resultado antes dos tributos foi negativo em R$ 1,7 bilhão. Mesmo ao se considerar um efeito fiscal positivo de R$ 25,7 milhões com tributos diferidos, o prejuízo líquido consolidado manteve-se em R$ 1,725 bilhão.
No balanço patrimonial, o ivo total da estatal (R$ 21,57 bilhões) supera o ativo (R$ 15,49 bilhões), o que resultou em patrimônio líquido negativo de R$ 6,08 bilhões. Isso representa um agravamento em relação a dezembro de 2024, quando o patrimônio líquido já era negativo em R$ 4,35 bilhões.

Entre as ações para contenção de gastos e busca por equilíbrio, os Correios destacaram a continuidade do Programa de Desligamento Voluntário (PDV/2024), com 3,4 mil adesões previstas e um gasto estimado de R$ 316 milhões. Desse total, 392 empregados já foram desligados até março.
A empresa afirma que sua continuidade operacional está assegurada por sua natureza estatal, pela proteção legal que impede sua descontinuidade e pelo e da União, sua controladora. Medidas como revisão de contratos, modernização da infraestrutura e diversificação de serviços estão previstas no Plano Estratégico Correios 2025–2029.
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O prejuízo é do correio. A conta é nossa