Em editoriais publicados na terça-feira 2 e nesta quarta-feira, 3, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo expressaram desaprovação ao processo de cassação do ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR).
Para O Globo, as alegações contra o senador “desafiam a lógica e a realidade”, logo, não há motivos para que a Justiça Eleitoral decida pela cassação. A publicação ressalta a turbulência na pré-campanha de Moro à Presidência em 2022, que é o pilar das acusações de gastos excessivos, caixa dois e uso indevido dos meios de comunicação feitas pelos partidos PT e PL.
Naquele ano, Moro tentou viabilizar sua candidatura à Presidência pelo Podemos. Por falta de recursos da legenda, migrou para o União Brasil e decidiu concorrer a deputado federal por São Paulo. Sem conseguir provar domicílio eleitoral no Estado, optou por disputar uma vaga ao Senado pelo Paraná.
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O jornal argumenta que os gastos de Moro ao longo desse período foram condizentes com sua campanha, mas as acusações não seguem a mesma lógica.
O PT estima que os gastos totais foram de R$ 21,6 milhões, incluindo despesas da pré-campanha para presidente, enquanto o PL estima o valor em R$ 7,6 milhões. Tais valores foram mencionados na acusação de “abuso de poder econômico”.
“Pela acusação do PT, porém, Moro planejou tudo de antemão, com a intenção de ‘usufruir estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma disputa de menor visibilidade’, isso é uma acusação ridícula por pelo menos dois motivos”, afirma o editorial. “Primeiro, pressupõe poderes sobrenaturais de premonição, planejamento e execução. Segundo, Moro já era nome nacionalmente conhecido. Não tem cabimento achar que precisava se lançar à Presidência para disputar uma eleição ao Senado em seu estado natal.”
O desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, relator dos processos no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), considerou não haver prova das acusações. “Entender que esses valores [gastos na campanha] seriam abuso de poder é uma hipérbole que o Direito não contempla”.
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O caso do Moro ilustra a verdade irrefutável: quando a lei é respeitada a justiça se faz plena, não há lugar para injustiças.
O relator do Paraná foi tão limpo, técnico e cristalino na sua tese que a gente até se emociona de ver que ainda temos juízes corretos, isentos e dignos da sua toga.
Sou contra a cassação do Moro. Vivemos um momento no Brasil de total insegurança em todos os sentidos.