Os cidadãos portugueses irão às urnas mais uma vez, no próximo domingo, 18, para eleger o novo Parlamento. A maioria que se formará no Legislativo apontará o futuro governo do país europeu. Esta será a terceira vez que os portugueses deverão voltar às urnas em três anos.

As previsões revelam que o partido de direita Chega, liderado por André Ventura, deverá obter um resultado considerável. Segundo as previsões, cerca de 20% dos votos válidos.
“Mas acreditamos que essas pesquisas erram por defeito”, explica, em entrevista exclusiva a Oeste, o deputado português do Chega, Manuel Magno Alves. Ele foi eleito no círculo eleitoral de Fora da Europa nas eleições legislativas de 2024. “Quando andamos pelas ruas, a sensação é que o próximo primeiro-ministro será André Ventura.”
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Para Alves, a grande questão que definirá esta eleição será a crise migratória, que está gerando sérios problemas na vida cotidiana dos portugueses. Principalmente na segurança pública e na moradia.
“Tornou-se impossível para um português normal alugar um imóvel no centro de Lisboa”, explica o deputado. “Os preços são altos demais, pois muitos imigrantes dividem o apartamento com muitas pessoas, quase sempre ilegais, e os proprietários decidem cobrar mais. Até por que sabem em qual Estado o imóvel será entregue no final contrato.”
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Para Alves, um eventual governo do Chega não será contra a imigração, mas apenas com quem “quiser entrar ilegalmente em Portugal”. “Os imigrantes legais são muito bem-vindos”, salientou. “Especialmente os brasileiros.”
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Os portugueses que moram no Brasil podem votar por correspondência, ao receberem diretamente em casa a cédula eleitoral. O país é um dos maiores distritos eleitorais portugueses fora do território nacional. Somente no Consulado de Portugal em São Paulo estão registrados mais de 300 mil eleitores.
Confira os principais trechos da entrevista com o deputado do Chega Manuel Magno Alves.
Qual a expectativa do Chega para estas eleições?
Na base das nossas pesquisas, estamos prevendo um crescimento de pelo menos 10%. Provavelmente chegaremos a algo próximo de 60 deputados.
Isso não será suficiente para formar um novo governo, já que a maioria no Parlamento português é de 116 deputados em um total de 230 assentos.
Sim, mas o Partido Social Democrata (PSD), do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, deverá fazer cerca de 70 deputados. Então, das duas, uma: ou ele se alia conosco, ou não teremos maioria no Legislativo. E isso poderia provocar mais uma eleição neste ano.
Mas o PSD não poderia se aliar com o Partido Socialista (PS), com o qual governava?
Não considero essa hipótese como viável. O governo caiu por um escândalo de corrupção, com uma empresa que recebeu recursos públicos instalada na casa do primeiro-ministro. O governo pediu uma moção de confiança, que foi rejeitada pelo Parlamento. O Partido Socialista votou contra. E agora o PSD quer fazer uma nova aliança com quem os mandou embora. Não vai funcionar. O próprio líder do PS, Pedro Nuno Santos, foi muito duro com Montenegro. Acho muito difícil eles voltarem a se aliar em um futuro governo. Deverão falar conosco.
Mas o PSD já deixou claro que não quer uma aliança com o Chega.
Veremos. Os números que sairão dessas eleições poderão obrigar Montenegro e a liderança do PSD a mudarem de ideia rapidamente. Ou não teremos governo em Portugal.
Qual será o tema principal nesta eleição?
A imigração. Portugal, como toda a Europa, tem um problema muito sério com o excesso de imigrantes ilegais, que estão chegando. Isso está criando dificuldades na vida cotidiana dos portugueses que não são mais aceitáveis.
Apareceu muito na mídia brasileira a notícia que o governo português vai deportar migrantes.
Isso é falácia. Foi uma notícia plantada pelo governo para tentar ganhar votos internamente. Mas, mesmo querendo, o Executivo não tem esse poder, pois ele já renunciou. E só pode cuidar dos assuntos correntes, não atuar dessa forma. Esse episódio demonstrou o nível de desespero do PSD para tentar roubar votos do Chega. Os portugueses não cairão nesse truque.
Qual a solução para a questão migratória que o Chega propõe?
Os imigrantes são bem-vindos em Portugal. Mas aqueles legais, que respeitam nossas leis, que vêm para trabalhar, para agregar, para gerar valor. Somos completamente contra a imigração ilegal e desenfreada, permitida pelos governos ados, e que provocou o caos em que se encontra o país. Hoje temos cerca de 1,3 milhão de imigrantes em Portugal. Desses, apenas 320 mil trabalham e contribuem com a assistência social. Os outros vivem do quê? Crimes, ilegalidade, trabalho informal. Ou simplesmente não fazem nada. Sem pagar imposto nem contribuir com a sociedade. Não é aceitável que um imigrante ilegal ganhe mais de € 900 (cerca de R$ 6 mil) em auxílio do governo enquanto um veterano da guerra de Angola ganhe apenas € 400 de aposentadoria. Não é concebível que muçulmanos se tornem maioria em um bairro, como Martin Moniz, e façam um abaixo-assinado para pedir a proibição de carne de porco em bares e restaurantes. Não é decente que um imigrante asiático tente entrar em um supermercado com uma espada e comece a espernear quando o segurança o bloquear, alegando racismo. Tudo isso é insustentável. Tem que acabar.
Se o Chega ganhar as eleições e Ventura se tornar primeiro-ministro em Portugal, qual será o relacionamento com o Brasil?
Será excelente. Queremos uma grande parceria com o Brasil.
Mesmo com o Lula na Presidência da República?
Isso vai pesar um pouco. Ventura não veio até hoje ao Brasil, pois ele sugeriu que se o Lula fosse a Portugal deveria ser preso no aeroporto. O Chega foi o único partido que não permitiu que o Lula fizesse discurso na Assembleia nas comemorações da Revolução dos Cravos.
E o relacionamento com a União Europeia? O Chega pensa em sair do euro, como outros partidos de direita na Europa sugerem?
Não. Ninguém quer sair do euro nem da União Europeia. Claro, sempre haverá divergências ou sugestões. Mas, em geral, o relacionamento com Bruxelas não vai mudar.
Em Portugal, um partido de direita como o Chega assusta os eleitores?
Não. Assusta os políticos de esquerda. Ou da falsa direita. Pois sabem que estão perdendo votos. Enquanto nós estamos crescendo. Não temos medo de dizer que somos de direita. O povo nos apoia cada dia mais. Só não ganhamos mais votos pois a mídia portuguesa, que é dominada pela esquerda, está boicotando o Chega. Mesmo assim, estamos crescendo muito. Temos deputadas de 20 anos, as mais jovens do Parlamento. Nos somos o futuro. E isso assusta os adversários políticos.
Portugal está em transicao política, resolvendo seu problemas internos e acolhendo os brasileiros , até os que não tem nenhuma educação