A Embaixada dos Estados Unidos em Brasília anunciou nesta segunda-feira, 19, uma recompensa de até R$ 10 milhões para quem fornecer informações sobre as atividades financeiras do grupo terrorista Hezbollah na região da Tríplice Fronteira. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou as informações.
A publicação, feita em português, indica possíveis práticas de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e comércio ilícito que envolvem o grupo libanês no Brasil, na Argentina e no Paraguai.
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O texto foi divulgado no mesmo dia da chegada a Brasília do almirante Alvin Holsey, chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, que cumpre agenda oficial com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das três Forças. A coincidência provocou incômodo entre os militares brasileiros.
Oficiais do Exército, sob condição de anonimato, classificaram a ação como um gesto hostil. Para eles, os norte-americanos optaram por um movimento midiático em vez de seguir os canais formais de cooperação.
Como resultado, o desconforto cresceu com a recusa de Holsey em visitar uma base militar na Amazônia. O comando do Exército exigiu que a visita seguisse os protocolos do Comando Militar da Amazônia, o que levou à desistência.
O Hezbollah opera em regiões distantes de sua base no Líbano, inclusive na América do Sul .
— Rewards for Justice em Português (@RFJ_Portuguese) May 19, 2025
Se você tiver informações sobre os mecanismos financeiros do Hezbollah na área da Tríplice Fronteira, entre em contato conosco. Você pode se qualificar para uma recompensa e relocação. pic.twitter.com/nfymR9XH
As Forças Armadas brasileiras consideram a área Tríplice Fronteira como um local sensível. A presença de militares com poder de polícia e o trabalho conjunto com a Polícia Federal reforçam o controle nacional sobre a região.
Há receio de que a iniciativa dos EUA sinalize a intenção de operar à margem das instituições brasileiras, como já ocorreu em outros países da América Latina.
Histórico de suspeitas liga Hezbollah ao tráfico e ao PCC
Ao mesmo tempo, a embaixada norte-americana afirma que o Hezbollah utiliza atividades comerciais e ilícitas para gerar receita na América do Sul, incluindo o Brasil.
Cita negócios de fachada, comércio exterior, construção civil e até venda de imóveis. Quem tiver informações pode contatar o Departamento de Estado via Signal, Telegram, WhatsApp ou telefone.
A divulgação reacendeu investigações sobre a atuação do grupo no Brasil. Em 2023, os agentes prenderam o traficante turco Eray Uç, em Santos, com documentos falsos.
As autoridades acusavam Eray de integrar uma rede ligada ao Hezbollah, com ramificações no tráfico de drogas e conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Outro nome mencionado é o de Ali Issa Chamas, preso no Paraguai e extraditado aos EUA. Em audiência no Congresso norte-americano, os dois foram citados por financiar o Hezbollah com lucros do narcotráfico.
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No Brasil, Eray planejava produzir um tipo de haxixe conhecido como “Dry Marroquino” em laboratório montado no litoral paulista.
O Estadão interpelou a Embaixada dos EUA e o Itamaraty sobre a existência de comunicação prévia a respeito da recompensa, o respeito à soberania brasileira no anúncio e o tratamento previsto para ações resultantes das informações colhidas. Até o momento, não houve resposta oficial.
Gesto hostil ocorreu quando soltaram um criminoso condenado e o elevaram à condição de presidente duma nação.
O atual ocupante do Planalto recusa-se a reconhecer grupos terroristas como tal, integrantes do governo brasileiro participam de eventos ao lado de terroristas, usam símbolos de grupos terroristas. Era para os EUA pedirem licença?
Gesto hostil tem sido a aproximação descarada do governo as forças do eixo do mal.