O Hamas lançou o ataque de 7 de outubro com o objetivo de sabotar a crescente aproximação diplomática entre Israel e a Arábia Saudita, movimento que, se consolidado, enfraqueceria o apoio regional à causa palestina.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
A ofensiva, no entanto, não surtiu o efeito esperado. O grupo terrorista perdeu seus principais líderes, mortos durante a incursão de Israel. E, ao contrário do que o Hamas planejava, as negociações entre o governo israelense e o saudita não sucumbiram.
Neste momento, a Arábia atua como um agente de novos esforços regionais para conter o risco de uma guerra mais ampla envolvendo Israel, Irã e os Estados Unidos (EUA).
Exatos 12 dias antes de o Hamas atacar Israel, deixando cerca de 1,2 mil mortos e sequestrando mais de 250 pessoas, sauditas e israelenses viveram um momento histórico.
Haim Katz, ministro do Turismo de Israel realizara a primeira visita pública de um ministro israelense ao reino. Os dois países estavam próximos de estabelecer relações bilaterais.
Uma ata de reunião entre os líderes do grupo terrorista foi obtida recentemente pelo The Wall Street Journal e confirmou a preocupação do Hamas. Segundo as Forças de Defesa de Israel (FD)I, foi descoberta em um túnel sob a Faixa de Gaza.
No conteúdo descoberto, o então líder do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar, afirmou, dias antes do ataque, a outros terroristas, que seria necessário um “ato extraordinário” para sabotar as negociações. Ele considerava que um acordo ameaçaria marginalizar a causa palestina, segundo o documento.
Mesmo com a guerra em Gaza, porém, os canais diplomáticos não foram completamente rompidos e a Arábia Saudita manteve uma postura cautelosa, mas ativa, nos bastidores.
A monarquia saudita, preocupada com a instabilidade crescente na região e com os desdobramentos do conflito israelense-palestino, intensificou sua atuação diplomática.
Um exemplo disso foi a missão sigilosa enviada a Teerã no mês de abril, liderada pelo príncipe Khalid bin Salman, ministro da Defesa saudita e ex-embaixador em Washington, relata o Israel Hayom.
Durante um encontro reservado no complexo presidencial iraniano, Khalid transmitiu um recado direto de seu pai, o rei Salman: o Irã deveria levar a sério a proposta do então presidente dos EUA, Donald Trump, de um novo acordo nuclear.
Segundo fontes diplomáticas do Golfo e autoridades iranianas, Khalid alertou que Trump não teria paciência para negociações prolongadas e que a recusa em dialogar poderia resultar em um confronto direto com Israel.
A mensagem também deixava claro que a Arábia Saudita considerava o entendimento entre Teerã e Washington como um meio essencial para evitar uma escalada militar.
Irã e Arábia Saudita retomaram relações diplomáticas em março de 2023, depois de sete anos de rompimento.
Persistem, no entanto, rivalidades marcadas pela disputa por influência regional, apoio a lados opostos em conflitos como o do Iêmen e diferenças religiosas profundas.
A Arábia Saudita sendo sunita e o Irã, xiita, representam correntes rivais do Islã. Por isso, uma escalada possivelmente colocaria ambos os países em lados opostos.
Hamas entre Arábia Saudita e Irã
O presidente iraniano Masoud Pezeshkian respondeu que o Irã estava aberto a um acordo, principalmente para aliviar as sanções econômicas, mas deixou claro que não aceitaria abandonar completamente seu programa de enriquecimento de urânio.
Funcionários iranianos presentes no encontro manifestaram ceticismo quanto à previsibilidade da diplomacia norte-americana. Lembraram que a posição de Washington oscilava entre aceitar um programa limitado e exigir sua total descontinuação.
Leia mais: “Israel diz ter impedido série de ataques cibernéticos do Irã”
Enquanto isso, nos bastidores, os EUA, preocupados com um possível ataque israelense às instalações nucleares iranianas, trabalharam para montar um “termo preliminar” de acordo, que incluiria uma proibição total ao enriquecimento de urânio.
Segundo fontes norte-americanas, ainda que existam divergências com Israel sobre a abordagem mais eficaz, Washington indicou que poderá apoiar uma ação militar israelense. Isto no caso de Teerã, que dá e ao Hamas, se recusar a negociar. Alinhada com dos EUA, a Arábia Saudita, a princípio, não iria se opor.
Entre ou assine para enviar um comentário. Ou cadastre-se gratuitamente
Você precisa de uma válida para enviar um comentário, faça um upgrade aqui.