Em sua fala na abertura do encontro de presidentes dos tribunais constitucionais da América Latina, Luís Roberto Barroso repetiu a arenga oficial do regime brasileiro contra a liberdade de expressão nas redes sociais. Além das habituais menções à “desinformação” e ao “discurso de ódio”, o presidente do STF criticou as redes e seus algoritmos por terem acabado com o monopólio da mídia tradicional. Segundo ele, a velha imprensa tinha um papel “unificador” ao trabalhar com “fatos comuns, objetivos e compartilhados por todas as pessoas a partir dos quais cada um formava a sua opinião”. Já com as redes sociais, “cada um ou a criar a própria narrativa, e a verdade perdeu a importância”.
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Barroso não parece refletir muito bem sobre o que está dizendo, e o discurso jorra-lhe da boca com o automatismo típico das palavras de ordem. Em primeiro lugar, fica difícil compreender a relação necessária entre unificação da informação e verdade, uma vez que — como provam os principais regimes totalitários do século 20 — é possível unificar o mercado de informação em prol da disseminação da mentira oficial.
Além disso, não é verdade que a velha imprensa operava com “fatos comuns” e “objetivos”, de modo que cada um podia formar opinião a partir deles. O que acontece é que a opinião culturalmente hegemônica já vinha embutida no processo de seleção, edição e apresentação das notícias. A bem da verdade, já há muito que a imprensa dita “profissional” abandonou noções como as de senso comum e objetividade. Na verdade, é justamente o contrário. É sintomático, por exemplo, que uma badalada professora universitária de jornalismo (de esquerda, obviamente) tenha chegado a descrever a profissão como a arte de “pensar contra os fatos” e “formar um novo senso comum”.
Do que Barroso sente falta
Como já ensinava Walter Lippmann nos anos 1920: “Um jornal, quando alcança o leitor, é resultado de toda uma gama de seleções de quais itens serão impressos, em que posição serão impressos, quanto espaço cada um deverá ocupar, e a ênfase a ser dada”.
Lippmann descreve aí o que podemos chamar de controle do fluxo de informação — também conhecido, nos estudos sobre mídia, como gatekeeping. Nas palavras do jornalista Ben Bagdikian: “O poder de controlar o fluxo de informação é uma peça majoritária no controle da sociedade. Dar aos cidadãos a oportunidade de escolher entre ideias e informações é tão importante quanto lhes dar a oportunidade de escolha política”.
Quando as versões da realidade difundidas pela grande imprensa estão todas de acordo umas com as outras — configurando um padrão artificial de unanimidade que Elisabeth Noelle-Neumann chamou de “versão consoante da realidade” —, a audiência a a receber uma variedade limitada de informações para formar suas opiniões.
Quando, mediante um processo que Rolf Kuntz chamou de “autofagia jornalística” — o vício de só escrever nos jornais aquilo que se leu nos jornais —, os receptores am a ser os próprios gatekeepers (ou mediadores), as organizações de mídia tornam-se ideologicamente homogêneas, selecionando as mesmas notícias e reduzindo enormemente, tanto para si quanto para a sociedade, a base factual para a formação de opinião. E é disso que, por interesse na manutenção do hegemon político-ideológico, Barroso sente falta.
Flávio Gordon está se mostrando um legítimo jornalista de nível JR Guzzo. Estou ficando cada vez mais fã dos seus textos.
Alguns ministros como Barroso discursam sempre palavrório desconectado com fatos reais.Inventam coisas que não existem,mentem muito. São inimigos das redes sociais, pois aí encontram ideias diferentes, críticas e por ai vai.Beberam em fontes que seguem o.pesamento autoritário, achando que assim perpetuam-se no poder.Leram a cartilha vermelha, apenas isso.
Senhor sinistro, já experimentou falar a verdade que o povo enxerga e responder com sinceridade as perguntas do povo??? Vocês só falam com a esquerda, experimentem dialogar com a direita e nos deixar preenchidos as nossas dúvidas. Experimentem!!! Aí serão valorizados. Vocês nem querem ser entrevistados(e gostam de falar) por um.canal da direita…aí é fácil criticar a oposição. Ahhh sinistro, não existe democracia sem oposição.
PROBLEMA DO BARROSO E SEUS COLEGAS DO STF, É PORQUE A MIDIA TRADICIONAL INFORMAVA O QUE LHES ERA PERMITIDO OU AQUILO Q LHES RENDIA $$$$. JÁ AS REDES SOCIAIS MOSTRAM QUEM ELES SAO, E COMO ELES EXERCEM O TAL DO NOTÓRIO SABER JURÍDICO, A IMPARCIALIDADE E A REPUTAÇÃO ILIBADA. E O QUE MAIS O ASSUSTA É QUE ESSE MOVIMENTO É IRREVERSÍVEL.
A mídia tradicional que publica o que é favorável a quem a sustenta através das verbas da Secom.
É pó isso que o STF tanto quer censurar as redes sociais, a verdade incomoda essa casta que se acha .
Até qdo o Senado continuará omisso? Já ou da hora de dar um basta na turma da toga, cada um no seu quadrado..
Até quando vamos manter (bancar/custear) essas figuras despreparadas, limitadas, tendenciosas e deletérias ao Brasil em cargos públicos relevantes?
Excelente matéria.
Então jornalismo comprado, toma lá, na cara como estamos perdendo todos nós brasileiros: seja dentro de avião da FSB ou em missão do calcinha spertada em NY – perdeu mané!