
As instituições brasileiras estão no lixo já há um bom tempo. Ninguém vai lhe dizer isso, é claro: ao contrário, os que mandam nelas, em algum dos seus milhares de galhos, e ganham a vida com os salários, benefícios e privilégios que elas oferecem, garantem que está tudo funcionando muito bem. Só que é mentira. É claro que a nebulosa de repartições públicas que o Brasil chama de “organismos do sistema democrático” abre todos os dias para o expediente normal. Mas é óbvio que essas instituições não servem para praticamente mais nada, quando a ação das pessoas que as comandam é uma ofensa diária à democracia. É democrático, por exemplo, o Congresso não ceder à saúde pública, num momento de calamidade, um centavo dos bilhões de reais dos “fundos” Partidário e Eleitoral que montaram para o seu benefício material direto? Que o sistema foi para o diabo, portanto, não há dúvida. Só que estão achando que isso ainda não é o suficiente. Cada vez mais, agora, há agressões diretas ao edifício inteiro . Não basta que as instituições estejam no lixo – o melhor, mesmo, seria enterrar a coisa toda logo de uma vez.
O último assalto veio do ministro Gilmar Mendes, do STF – e aí está uma outra curiosidade desta história, porque os que mais querem destruir a democracia, mesmo esta droga de democracia que está aí, não são os grupos marginais da política. São as pessoas que estão nos cargos chave do sistema e que são pagas para defendê-lo 24 horas por dia. O ministro, em declarações recentes e obscuras, parece estar sustentando uma ideia realmente extraordinária: segundo o que deu para concluir, o presidente da República não teria o direito legal de trocar um dos seus ministros, como está na Constituição, caso essa substituição leve o país ao “genocídio”. É isso que pode acontecer, em sua imaginação, se o atual ministro da Saúde for substituído por um outro – cujas ações, pelo conhecimento científico de Gilmar, podem levar ao extermínio de milhões de vidas (genocídio é coisa de milhão para cima) na atual epidemia do covid-19.
É um negócio sem pé e sem nenhuma cabeça, mas ai é que está: Gilmar é levado a sério, quando diz isso, por tudo o que o Brasil tem de liberal, progressista, europeu, moderno, anti-fascista, intelectual, sociológico, artístico e o resto que vem junto com esse pacote. Nada mais legítimo do que os direitos de se detestar o presidente da República e de querer trocá-lo por outro – mas não com golpe de estado, que é o que cada vez mais gente propõe, sob o disfarce de palavrório de centro acadêmico. É preciso, para isso, esperar 2022, achar um candidato viável e ganhar as eleições. Pelo jeito, até agora, só o ex-presidente Lula foi capaz de dizer isso.
Quando ainda namorávamos, minha esposa enviou-meu um bilhete que dizia : ” Não faça do seu coração uma arma. A vítima, pode ser você “. Substituindo-se coração por cargo, sugere-se uma reflexão, que poderá ser de muita serventia ao País.
Um ministro que nunca foi juiz nem advogado militante. Trabalhou com a ´pústula do FHC e tem soltado tudo que é ladrão de colarinho branco e políticos bandidos, só poderia ter tal pensamento. Pensa não, acha-se Deus. O povo brasileiro aguarda ansioso este cidadão frequentar um presídio do lado de dentro.
Os opositores estão se apequenando de tal maneira, que ada a crise da saúde o Presidente estará muito mais forte.
Tem gente que deseja há muito tempo que o Gilmar pegue uma virose daquelas que deixa o cara 20 dias sentados no vaso.
Sempre cirúrgico e elegante. Parabéns
Convem lembrar que o ultimo Estadista de nosso Pais , foi D.Pedro II
Desde a proclamação da republica , que de RES PUBLIS nunca teve ,
o sistema transformou-se em RES FURTIVA , e obriga o PR a ficar de quatro diante do Parlamento e Judiciário.
Saude e vida longa
de seu leitor desde sempre
Alvíssaras! Excelente texto! A considerar que é a primeira matéria que leio há cerca de três horas que fiz minha , vislumbro que terei bons motivos para ofegar pela próxima edição. Na clássica expressão latina do juridiquês, “ad argumentandum tantum”, peço que mantenham firme o propósito de seguir uma linha livre das lentes vermelhas que apequenam o jornalismo brasileiro por submeter-se a subsistir como vil capacho do democratismo.
Gilmar Mendes é um caldeirão de arrogância, prepotência, autoritarismo e revanchismo. Sua índole torpe é aplaudida por todo o tipo de marginal rico, da classe política até outras mais. A grande maioria do país o odeia com paixão, mas ele segue firme no seu poleiro de urubu porque o senado não mexerá um dedo para retirá-lo, já que o próprio senado é um antro de marginais, com poucas exceções.
Nós, cidadãos comuns, que temos só o poder dá voz – por enquanto – assistimos com dor e revolta as atrocidades cometidas nesse sistema podre. Pobre Brasil, parece que nunca vai ter jeito.