Um espião russo se infiltrou no Brasil, aprendeu português fluentemente e até fez aulas de forró para consolidar sua identidade falsa como um típico brasileiro. O caso voltou aos holofotes na quarta-feira 21, quando o jornal The New York Times revelou como o Brasil se tornou uma espécie de “fábrica de espiões” a serviço de Moscou.
Há pelo menos três anos, a história de Sergey Cherkasov é investigada pelo jornalista Álvaro Pereira Jr. Em 2022, ele reconstituiu a trajetória do espião no Brasil e visitou inclusive a escola de dança que o russo frequentava.
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Em 2022, um homem com documentos brasileiros aparentemente válidos, identificado como Victor Muller Ferreira, tentou conquistar uma vaga de estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia. O serviço de inteligência holandês frustrou a tentativa ao descobrir que o homem, na verdade, era um agente da Rússia.

Ele foi impedido de entrar na Holanda e deportado de volta ao Brasil, onde está preso até hoje.
Victor Muller era, na verdade, Sergey Cherkasov, um espião treinado pela inteligência militar russa. Ele integrava uma rede que usava o Brasil como base para criar identidades falsas, uma espécie de “lavanderia de cidadanias”. Segundo uma investigação da Polícia Federal, Cherkasov contava com o apoio de um diplomata russo no Brasil.
Para reforçar o personagem brasileiro, Cherkasov chegou a frequentar aulas de forró na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o professor Pheliphe Britto, o russo era tão dedicado que chegou a participar das aulas cinco vezes por semana, durante três horas por dia — e até conheceu uma namorada por lá.

“Eu fiquei chocado, né? Um cara superbacana, um cara comunicativo, um cara que saía com a gente para dançar, e depois a gente descobrir que o cara é um espião russo”, disse Britto em entrevista à Rede Globo.
Espião usava identidade brasileira no exterior
Cherkasov tinha sólida formação acadêmica. Entre 2015 e 2018, cursou ciência política no Trinity College, na Irlanda, onde se apresentava como o brasileiro Victor Ferreira. Depois, fez mestrado nos Estados Unidos. Ele estudou relações internacionais na renomada Universidade Johns Hopkins, perto de Washington, também com a identidade brasileira.

Ao ser preso no Brasil, Cherkasov negou ser russo. Alegava ser Victor Ferreira, filho de um português com uma brasileira, criado por uma tia na Argentina. Só depois de dois meses na prisão e uma visita de um diplomata russo, itiu a verdadeira identidade.
Desde dezembro de 2022, ele cumpre pena na Penitenciária Federal de Brasília, considerada uma das mais seguras do país. Pouco tempo depois, o governo russo ou a alegar que ele seria um traficante de heroína e iniciou um processo de extradição — o que especialistas veem como uma manobra para repatriar um agente encoberto.
Segundo as novas apurações do Times, pelo menos outros oito agentes russos teriam seguido a mesma tática: construir uma vida fictícia como brasileiros para atuar no exterior sob identidades aparentemente legítimas.
Desde quando eu era piquinininha lá barbacena…
Aqui pode tudo ! Terra de muro baixo .
O Brasil atrai. Tudo que não presta vem pra cá.