O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizou ao menos 12 manifestações públicas com conteúdo político em 2025, seja em palestras, entrevistas ou participações em eventos institucionais. O levantamento é do advogado Enio Viterbo, doutor em História pela Universidade de Lisboa.
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1ª: A primeira delas, publicada no dia 9 de janeiro, foi concedida ao jornalista Guilherme Amado, do portal PlatôBr. Na ocasião, Gilmar negou que Alexandre de Moraes seja o ministro mais poderoso do STF e disse que o magistrado foi “a pessoa certa, no lugar certo, no momento certo, inclusive no TSE”.
2ª: Durante uma conferência em Portugal, em 19 de janeiro, Gilmar disse que há uma onda global de “ataques ao Poder Judiciário” e de “retrocesso democrático” em curso e garantiu que o STF derrubaria medidas do Congresso que avançam sobre a Corte.
3ª: Em entrevista ao jornal português Público em 2 de fevereiro, o ministro afirmou que “Lula tem feito um excelente governo” e que o petista foi responsável por “trazer o Brasil à normalidade”. O decano do STF ainda recomendou a leitura da reportagem aos seus seguidores na rede social X.

4ª: Em 13 de fevereiro, Gilmar concedeu entrevista à CNN Brasil, onde defendeu a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limitasse a participação de militares e policiais nas eleições de 2026. “A participação de policiais militares na atividade político eleitoral se tornou um grave problema”, declarou.
5ª: A versão audiovisual da revista Veja foi o palco da quinta entrevista concedida por Gilmar em 2025, no dia 21 de fevereiro. Em entrevista, o ministro comentou a proposta de lei que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “Parece que é quase que uma antecipação de uma confissão, não é">
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7ª: O decano do STF criticou o Exército Brasileiro por uma alegada “tolerância” com os acampamentos que antecederam os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. “Foram eles que deram assentimento, forneceram luz, forneceram água para essas pessoas”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo em 23 de fevereiro.
8ª: Durante um encontro com jornalistas em seu gabinete no dia 25 de fevereiro, Gilmar disse que a denúncia contra Bolsonaro é mais grave que a do Mensalão. “É uma coisa muito mais grave quando se fala de matar o Presidente da República”, declarou.
9ª: Em outra reunião com jornalistas, em 27 de fevereiro, o ministro afirmou que qualquer empresa que preste serviço no Brasil tem que cumprir as leis brasileiras. O encontro tinha como pauta as polêmicas que envolvem as plataformas estrangeiras Rumble e X.
10ª: Em 8 de abril, Gilmar surgiu na GloboNews para criticar, mais uma vez, o projeto de anistia. “Não faz sentido algum discutir anistia”, disse o decano. “Isso seria a consagração da impunidade”.
11ª: Na cidade norte-americana de Cambridge, no dia 12 de abril, o ministro afirmou que tem orgulho de ter participado do “desmanche da Operação Lava Jato” e disse que a investigação conduzida em Curitiba foi uma “organização criminosa”.
12ª: No mesmo evento, Gilmar disse à Folha de S.Paulo que enxerga a mobilização por anistia aos presos pelo 8 de janeiro como uma tentativa de livrar de condenações os “mentores do golpe”, ou seja, os denunciados junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Não existe uma regulamentação específica e detalhada para pronunciamentos de ministros do STF, mas suas manifestações são orientadas por princípios éticos e normas como o Código de Ética da Magistratura, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional e a Constituição.
Leia também: “A anistia inevitável”, artigo de Augusto Nunes e Branca Nunes publicado na Edição 255 da Revista Oeste
Do jeito que esses trastes atuam, não será difícil que num dicionário futuro, nomes próprios como Gilmar Mendes, Moraes, Barrozo, Facchin, Zanin e outros do gênero possam se tornar sinônimos de CANALHA.