O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), interrompeu o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes para repreendê-lo e acusá-lo de possível contradição. A intervenção ocorreu em audiência no dia 19 de maio, mas só nesta terça-feira, 3, a Corte disponibilizou o vídeo.
Freire Gomes foi ouvido como testemunha de acusação na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Na ocasião, Moraes disse que o depoimento do general divergia da versão prestada à Polícia Federal (PF), em 2023.
🚨URGENTE – Alexandre de Moraes intervém no depoimento do General Freire Gomes e diz que ele está falseando a verdade ou falseou na polícia
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) June 3, 2025
“Se mentiu na PF, precisa dizer (…) Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”, disse Moraes. pic.twitter.com/5L66CXCFhY
A crítica do ministro ocorreu depois que Freire Gomes afirmou que não viu “conluio” na postura do almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, durante reuniões no Palácio da Alvorada.
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“O almirante Garnier, acho que ele também foi surpreendido por aquilo tudo ali”, disse o general durante o depoimento. “Não me lembro de ele ter dito, ele apenas demonstrou, vamos dizer assim, o respeito ao comandante-chefe das Forças Armadas. Não interpretei como qualquer tipo de conluio.”
Moraes acusa testemunha de “falsear a verdade”
Moraes interrompeu a oitiva e sugeriu que o militar havia mentido em um dos dois depoimentos.
“A testemunha, ela não pode omitir o que sabe”, disse o ministro. “Eu vou aqui dar uma chance à testemunha de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que dizer que mentiu na polícia. Agora não pode, perante o Supremo Tribunal Federal, falar que não entra, que talvez, que estava focado somente no que eu pensava.”

Em seguida, o ministro afirmou: “Comandante, ou o senhor falseou a verdade na polícia, ou está falseando a verdade aqui.”
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Em resposta, Freire Gomes reafirmou seu relato e disse que não omitiu fatos.
“O almirante Garnier tomou essa postura de ficar com o presidente [Jair Bolsonaro]”, declarou. “Apenas a diferença, ministro Alexandre, é que eu não posso inferir o que ele quis dizer com ‘estar com o presidente’. Foi isso que eu quis dizer. Agora, eu não omiti o dado. Eu sei plenamente que o que eu falei e reafirmo, ele disse que estava com o presidente. Agora, a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe.”
Ministro tem histórico de intervenção em depoimentos
Não é a primeira vez que Moraes pressiona ou contesta declarações de testemunhas durante depoimentos. Em 28 de maio, o ministro rebateu a fala de uma testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Gomes.
Na ocasião, o servidor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) Rosivan Correia de Souza afirmou que o Comando-Geral da Polícia Militar do DF teria apenas um “vínculo istrativo” com a pasta, não subordinação direta.
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“Fui secretário de Segurança”, Moraes rebateu. “Há relação total de subordinação. O secretário de Segurança comanda a Polícia Militar e a Polícia Civil”. A testemunha, porém, manteve o posicionamento, o que irritou o ministro, que disparou: “O secretário da Segurança é uma rainha da Inglaterra aqui">
SE O DEPOIMENTO NAO FOR CONFORME ELE QUER ,DE MANEIRA QUE COINCIDA COM A SENTENÇA QUE JA ESTÁ PRONTA, PRA ELE É FALTAR COM A VERDADE.
É ignóbil um juiz pressionar e ameaar uma testemunha.
Só alguém PODRE faz isto.