A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo decidiu recomendar o arquivamento do processo disciplinar contra a vereadora Cris Monteiro (Novo). O colegiado deve analisar o parecer nesta quinta-feira, 5.
O caso teve origem em uma declaração feita por Monteiro, em 29 de abril, durante uma sessão plenária. Ao reagir a vaias de servidores públicos, a vereadora afirmou: “Uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês”. Entre os manifestantes, havia pessoas pardas e pretas.
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No dia seguinte, 30 de abril, a vereadora Luana Alves (Psol) apresentou uma denúncia formal contra Monteiro. A acusação argumenta que a fala reforça uma lógica de poder racializada, ao associar branquitude, beleza e riqueza a um sentimento de superioridade.
O relator da Corregedoria, vereador Marcelo Messias (MDB), entregou seu parecer nesta quarta-feira, 4. No documento, afirmou que não identificou dolo na declaração de Monteiro. Ressaltou que o episódio ocorreu em meio a um debate acirrado e que a vereadora se desculpou em seguida.
Para Messias, o episódio não comprometeu a imagem da Câmara. Considerou ainda que qualquer punição seria desproporcional aos fatos apresentados.
O episódio aconteceu durante a discussão de um projeto do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A proposta prevê o pagamento do reajuste salarial dos servidores municipais em duas parcelas anuais. A medida gerou protestos no plenário e acirrou o clima da sessão.
Durante a confusão, a sessão foi interrompida por alguns minutos. No retorno, Monteiro pediu desculpa e declarou que não teve a intenção de ofender. Em nota oficial, a assessoria da vereadora reiterou que ela lamenta a repercussão do episódio. Afirmou também que não houve nenhuma intenção ofensiva em sua fala.
Aprendemos que é racismo vociferar sobre a cor da pele. O problema são aqueles que vêem racismo apenas quando a vociferação é sobre negros. O mesmo valor para riqueza e beleza.