Se o objetivo do governo era tornar o crédito inível, encarecer a produção e dificultar ainda mais a vida de quem gera riquezas para o país, ele está no caminho certo. Na segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), sob a gestão de Gabriel Galípolo, a Selic foi elevada para 14,25% ao ano. Esse movimento sufoca a economia produtiva e penaliza o agronegócio.
A justificativa? O aumento da inflação puxado pelos preços dos alimentos e da energia. Será que encarecer ainda mais o crédito e reduzir o investimento justamente no setor que garante comida na mesa dos brasileiros são a solução? Ao que tudo indica, o governo prefere atacar os sintomas em vez de tratar as causas do problema.
Com essa Selic estratosférica, o agro — que sustenta a balança comercial e impede o Brasil de afundar ainda mais no déficit fiscal —, sofre mais um golpe. Pequenos e médios produtores, que já enfrentam custos elevados e um câmbio volátil, veem o crédito se tornar um privilégio, quando deveria ser uma ferramenta essencial para garantir a segurança alimentar do país. Afinal, financiar uma safra não deveria ser um desafio, mas uma estratégia de crescimento.
A sensação é de déjà vu. É como se estivéssemos voltando a um ado recente e sombrio, quando a Selic também atingiu 14,25% ao ano no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, entre julho de 2015 e outubro de 2016. Esse patamar foi alcançado após uma sequência de altas iniciada em 2013, quando o Banco Central elevou os juros na tentativa de conter a inflação. A taxa permaneceu nesse nível por 15 meses, sendo reduzida apenas em outubro de 2016, já no governo de Michel Temer, após o impeachment de Dilma.
De volta ao futuro: a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma safra recorde de 328,3 milhões de toneladas de grãos, mas de que adianta crescer na produção se o custo para plantar e colher se torna inviável? O dólar, que recentemente chegou a ultraar os R$6, agora está em R$5,64, registrando sua sétima queda consecutiva e atingindo o menor valor desde outubro. Isso alivia ligeiramente os custos dos insumos importados, como fertilizantes e defensivos agrícolas, mas, ao mesmo tempo, reduz a competitividade das exportações, pressionando ainda mais a margem de lucro do produtor.
E como se não bastasse o sufoco da Selic, o governo segue sem qualquer plano fiscal coerente. Projeções da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados (Conof), divulgadas em fevereiro, indicam que o Brasil pode fechar 2025 com um déficit primário de R$ 63 bilhões, equivalente a 0,5% do PIB. Ou seja, o governo gasta mais do que arrecada, joga a conta para o mercado pagar e depois tenta tapar o buraco aumentando juros e dificultando ainda mais o investimento produtivo.
O rombo fiscal assusta investidores, gera desconfiança e leva à velha receita de sempre: juros altos para tentar conter uma inflação que não é causada pelo setor produtivo, mas sim pelo descontrole das contas públicas. O agro, mais uma vez, paga a conta de uma política econômica míope e de curto prazo.
Se o governo realmente quiser conter a inflação sem destruir a capacidade produtiva do país, precisa urgentemente rever suas estratégias. O setor agropecuário não pode ser refém de um sistema financeiro que encarece o crédito e penaliza a produção. O Brasil precisa de medidas concretas, como linhas de financiamento com juros íveis, incentivos para modernização do setor e, principalmente, disciplina fiscal, para evitar que a incompetência istrativa continue sufocando quem produz e mantém o país de pé.
Eduardo Berbigier – Presidente da Berbigier Sociedade de Advogados – www.berbigier.adv.br.
A INSANIDADE MASSACRA A NAÇÃO ….. a reação do povo que de forma pacífica começa a derrubar ditadura que será nas urnas como deve ser e teremos pela primeira vez em nossa história um CONTRA GOLPE dado realmente pelo povo que, não tenham dúvidas, explodirá de vez a ditadura criminosa no poder que viola o Estado, tutela a nação e não tem nenhum constrangimento de cometer os mais graves crimes contra o povo algo mas a farra está no fim … vagabundos e vagabundas se apropriam do erário e o torram como querem e o resultado não poderia ser outro e ainda remos sorte de um BC independente que evita a explosão geral … a festa acabou e quem sobreviver verá.
A insana DITADURA ciminosa está destruindo o país mas será o povo que finalmente cansou destes pulhas que violam o Estado e masacram a nação desesperada mas ainda capaz de resistir ao fim do mandato deste ladrão descondenado que com seu bando serão defenestardos pelos manés nas urnas e estaremos todos vingados … e quem sorbneviver verá !!!
Maus governos além da incompetência fiscal e abusos tributários, geralmente atrapalham a quem produz. O agro é um exemplo, tinha bom trânsito como Bolsonaro, desde que o “taxador e impostor” assumiu ele interfere e prejudica o setor que dá sustentação econômica ao país. Além de alimentar o terrorismo rural com o MST. Um governo assim o Brasil poderia dispensar e deixar a livre iniciativa conduzir a economia. Em pouco tempo seríamos o “Primeiro Mundo”.
A principal consequência da financeirização (Bolsa de valores, a usura, juros sobre juros, papéis em lugar de trabalho) no Brasil é a paralisação do consumo das famílias, que era visto como o principal motor da economia.
“Quando se junta a isso a taxa Selic, percebe-se que 500 bilhões de reais poderiam ser revertidos em estradas, ferrovias, saúde, educação etc., mas estão indo para bancos que, por sua vez, colocam esse dinheiro em paraísos fiscais”, afirma Ladislau Dowbor.
Dowbor analisa os demais fatores que geraram a atual crise econômica e pontua que o rentista “se tornou o principal chupador de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo”. Contudo, frisa, “desde que o governo Dilma tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra, e de 2014 para cá ela não teve um dia para governar. É um boicote à economia que pode ter um desfecho trágico”.
Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.
É preciso lembrar que um pacto semi declarado dos governos populares Lula e Dilma era o de respeitar os intermediários financeiros. Eu estive presente na ocasião em que foi lida a carta de junho de 2002, quando Lula declarou que o fazia porque queria ser eleito presidente, e se comprometia a respeitar os contratos financeiros. (Isso sim deveria ser motivo de cassação política eterna para qualquer político.)
Motores econômicos.
Para explicar a guerra iniciada no governo Dilma, vou explicar como funciona a economia, a qual é impulsionada por quatro motores. O primeiro motor, relativamente menor no caso brasileiro, são as exportações, porque quando se exporta, são gerados empregos, gerando atividades econômicas e criando capacidade de importação.
Ocorre que todas as commodities das quais somos grandes exportadores tiveram quedas radicais. Só o minério de ferro perdeu, em 12 meses, 45% do seu valor no mercado internacional; é o caso também da soja, do suco de laranja e das diversas exportações primárias.
O Brasil continua a exportar os mesmos volumes, mas o rendimento das exportações foi cortado pela metade por conta da queda dos preços das commodities no mercado internacional (Sim?! Cadê aquela máxima da Economia sobre “oferta vs procura”?). Então, o motor econômico da exportação travou por razões internacionais, e não por razões internas.
O segundo motor que impulsiona a economia é a demanda das famílias. Esse é de longe o principal motor da economia brasileira. A demanda das famílias foi travada por sistemas de juros para a pessoa física, e esses juros vão impactar no endividamento das famílias. Então a situação é a seguinte: em março de 2005, 19,3% da renda familiar era destinada para o pagamento de dívidas; em março de 2015, portanto 10 anos depois, 46,5% da renda familiar era para pagar dívidas. As famílias se endividaram de maneira muito impressionante, e quando se endividam com juros muito elevados, se travam suas demandas.
Quando quase metade da renda das famílias é usada para pagar dívidas, elas não conseguem comprar coisas novas. Para compreender essa situação, fui estudar qual é o sistema de juros que gerou esse endividamento das famílias. Verifiquei que os crediários para artigos do lar, por exemplo, têm juros de 104% no Brasil, o que é um escândalo; na Europa a taxa é de algo em torno de 10%. Na realidade, as famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo.
Muitas famílias se endividaram além da capacidade do seu pagamento e com isso entraram no cheque especial, que tem taxa de juros média de 238%, segundo os dados do Banco Central. Apenas para compararmos, no Banco Santander da Espanha essa taxa é de 0% até seis meses para o valor de até 5 mil Euros. No Brasil, se estourarem o cheque especial e entrarem no rotativo do cartão de crédito, as pessoas am a pagar em média 447% de juros, conforme o Banco Central. O Banco Santander cobra, no rotativo do cartão, 633,21%. (Cadê os “revoltadinhos on line” da vida? Aplicando na Bolsa de Valores.)
Acrescente a isso que quando se paga à vista para não entrar no crediário, mas se paga com cartão, o caixa pergunta se a pessoa vai pagar no crédito ou no débito. Se a pessoa paga no crédito, o banco vai cobrar 5% do valor de toda a compra, ou seja, se a pessoa fez uma compra na papelaria de R$ 100,00, a papelaria vai receber R$ 95,00. O custo para o gestor do cartão – o banco – é cerca de dez centavos por operação. Lembra que para o pagamento da MF, que era 0,38%, fez-se um escândalo?
Mas se a pessoa optar pela compra em débito, o banco cobra entre 2 e 2,5%, o que também é um valor gigantesco, porque é um valor cobrado sobre milhões de operações diárias. Se fizer a transferência do dinheiro através da internet, por exemplo, no caso de alguém comprar um livro de R$ 30,00, a empresa que o vende pagará R$ 38,00, porque R$ 8,00 é o custo da transferência do próprio banco, quando na verdade o custo dele é praticamente nulo, pois o cliente é quem faz toda a operação pelo seu computador.
O terceiro motor da economia é o investimento e a produção empresarial. E por que esse motor travou? Quando se tem a crise da demanda, as empresas que já tinham estoques grandes, não vão investir novamente e aumentar a produção. Portanto, trava-se também a atividade das empresas. Outro detalhe é que, se para ar por esse momento difícil a empresa acaba tendo de recorrer ao banco, ela vai acabar pagando 20 ou 30% de juros. Não há condições de tocar uma empresa pagando juros desse montante – esses juros, na Europa ou nos Estados Unidos, são da ordem de 2%.
Portanto, como não há demanda, as empresas tendem a parar de produzir. Como a taxa de juros é imensa para a pessoa jurídica, as empresas acabam “se enforcando”. Um terceiro aspecto que trava o investimento das empresas é o fato de elas verem a alternativa de aplicarem o seu dinheiro na taxa Selic, rendendo 14,25% com liquidez total e risco zero. Assim, temos esses três freios da atividade empresarial.
O quarto motor da economia é o investimento do governo, tanto em infraestrutura (que a Operação Lava Jato está frustrando), como em políticas sociais – saúde, educação, cultura, segurança. O que aconteceu nesse último caso? Normalmente, a taxa Selic, que é quanto o governo paga sobre a dívida pública em termos de juros, está em 14,25%. Quando se tem um estoque de dívida elevado como o que o Brasil tem, e se pagam juros de 14,25%, estão sendo transferidos dos nossos impostos, para os bancos e intermediários financeiros, cerca de 500 bilhões de reais. O PIB do Brasil é 5,5 trilhões, 10% são 550 bilhões, 1% é 55 bilhões. Então, cada vez que se fala em 55 bilhões, é 1% do PIB que poderia estar sendo utilizado para fomentar o desenvolvimento, mas está parado.
🏦 E desse sistema perverso da usura e da especulação de papéis que surge a legião de pessoas que posteriormente ingressarão em programas sociais como o Bolsa Família.
Financeirização.
O Brasil não está estruturalmente ruim, a economia é sólida, é um país produtivo, teve avanços extremamente significativos, mas sofreu um ataque do sistema financeiro, que travou o sistema econômico, e não tem economia que consiga aguentar isso.
Além do mais, quando vemos o aumento do lucro dos bancos, nos perguntamos o que está acontecendo com todo esse dinheiro. Em parte, eles reaplicam na taxa Selic, que está muito rentável e, em parte, estão colocando o dinheiro em paraísos fiscais. Saíram recentemente os dados do Panama Papers, mas nós já tínhamos os dados de Luxemburgo, do Itaú, do Bradesco, do HSBC, das empresas brasileiras que estão em paraísos fiscais em Genebra.
O resultado prático de aplicação financeira é que os bancos não criam atividades produtivas (Prova de que não precisamos de bancos privados); eles reinvestem o dinheiro e sequer pagam impostos (E o rombo nacional é a Previdência?), porque fogem para paraísos fiscais. Então, quando se tem um dreno desse tipo, a economia trava. Mecanismos semelhantes a esses foram os que quebraram a Argentina, com os assim chamados fundos abutres. É o que chamamos de financeirização da economia. As últimas reuniões do G20 estão todas centradas nesse problema, incluindo os paraísos fiscais. Só as exportações fraudulentas estão custando ao Brasil 35 bilhões de dólares, 2,5% do PIB.
Régis🇧🇷– De que modo as políticas de ajuste fiscal do Brasil incidem sobre o mundo do trabalho?
Ladislau Dowbor – Quando se faz um ajuste fiscal, copiando o que já foi feito em muitos países, a chamada política de austeridade, se diz que o problema foi gerado porque o governo ajudou os pobres com os nossos impostos, e que isso foi irresponsável, gerou um déficit do governo e está travando a economia. Isso é uma bobagem radical, porque quando se aumenta a demanda da população, se gera crescimento econômico e dinamiza toda a economia. Tanto é que isso funcionou nas duas gestões do governo Lula e na primeira gestão do governo Dilma. Quando a presidente, depois de reeleita, aplicou as políticas exigidas pelos intermediários financeiros de elevar as taxas de juros e reduzir financiamentos de políticas sociais, travou o consumo das famílias e aprofundou o processo, porque isso levou os empresários a parar de produzir e manteve a taxa Selic.
Foi estarrecedor ouvir o Copom (Comitê de Política Monetária) (Comandado por um grupo de banqueiros privados nacionais e estrangeiros. Pode uma coisa assim?) dizer que manteria a taxa elevada porque a inflação poderia aumentar, mas não existe nenhuma relação entre o aumento da Selic, a inflação e a dívida do governo (Claro que existe! Que absurdo!). Trata-se de uma enganação. Quando se entra na recessão, se usa o Estado para expandir o crédito, a demanda, porque a crise reduz os estoques das empresas, que vão voltar a produzir; voltando a produzir, gerarão mais emprego, e esse processo reanima o motor econômico. Apolítica de austeridade não deu certo em lugar nenhum.
Régis🇧🇷– De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, pela primeira vez desde 1992, simultaneamente a renda do trabalho dos brasileiros diminuiu e a desigualdade aumentou. O que a combinação desses dados significa para o contexto econômico do país?
Ladislau Dowbor – Toda a fase dos modelos populares foi justamente de um aumento da capacidade de compra da população, aumento do emprego formal, aumento da renda que se traduziu em mais demanda, que gerou mais emprego formal e que permitiu um conjunto de políticas sociais. Todo esse processo, na realidade, aumentou a renda das famílias e dinamizou a economia. Mas quando se trava a economia, tem-se um impacto básico de tirar os recursos financeiros das atividades produtivas, transferindo-os para rendas financeiras, ou seja, o que havia de investimentos hoje se transformou em aplicações financeiras.
Assim, com todos os investimentos murchando e tendo em vista a queda do preço das commodities, tem-se um processo recessivo, que reduz o nível de renda das famílias e aumenta a desigualdade. Então, se estamos numa recessão e o Itaú aumentou o lucro em 30,2% e o Bradesco em 25,9%, é claro que as famílias ricas estão ganhando muito mais dinheiro. Mas o travamento das atividades produtivas, ao mesmo tempo que aumenta o lucro financeiro, beneficia os ricos e não os trabalhadores. Aí temos uma diferenciação radical. O mecanismo é explicitado no livro do Piketty: uma família que tem uma renda, gasta o dinheiro que tem para pagar os serviços que utiliza ao longo do mês, mas o rendimento financeiro do rico ultraa o valor que precisa pagar com os serviços e permite que ele faça aplicações financeiras.
Um homem bilionário, que aplica seu dinheiro a 5% ao ano, que é uma aplicação conservadora, está ganhando 137 mil reais a mais por dia. Então, o sistema financeiro faz com que a pessoa ganhe muito dinheiro sem ter de estar gastando e produzindo algo. Esse tipo de rendimento não gera novas riquezas. Para o Brasil isso é catastrófico, porque aumenta a desigualdade. Todo esse procedimento da direita de travar os processos redistributivos é uma burrice, no longo prazo, porque aumentar a capacidade de consumo das famílias é a melhor coisa para as atividades produtivas empresariais (Caso certos empresários queiram trabalhar, porque os juros sobre papel timbrado lhes rendem mais sem terem de trabalhar. Acaso a FIESP não era uma das que encabeçaram o impeachment?). Agora, quem está mandando nas atividades produtivas é o sistema financeiro.
A desfaçatez das preocupações do Banco Central de que a queda do desemprego e a melhoria da renda da população podem levar ao aumento na inflação.
“Está faltando estudar um pouco os fundamentos da economia”
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), a média salarial do brasileiro subiu de R$ 2.754 em janeiro de 2022 para R$ 3.078 em janeiro de 2024. Da mesma forma, o desemprego chegou a seu nível mais baixo desde 2014, atingindo 7,4% da população.
Esses índices, utilizados pelo governo federal como exemplo de boa gestão, foram vistos com preocupação pelos técnicos do Banco Central. Na 261ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do BC alertaram para uma possível alta na inflação.
Segundo os técnicos, a melhoria na economia brasileira não pode ser explicada por ganhos de produtividade, mas por “um fechamento do hiato do produto”. As informações estão no parágrafo 11 da ata da reunião.
De acordo com o economista Pedro Faria, o hiato do produto “é basicamente uma medida de superaquecimento ou desaquecimento da economia”. “Se o hiato é positivo, quer dizer que a economia está acima do seu potencial e há pressão inflacionária; se é negativo, está abaixo do potencial e não tem.”
Isso significa que, para o Banco Central, a economia brasileira está se aproximando de sua capacidade produtiva máxima.
O país tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo, disputando a liderança com a Turquia. Essa política foi criticada pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, como resposta às observações do BC.
Para o ministro, o Banco Central opta por uma maneira “burra” de controlar a inflação ao ter uma política de taxa de juros tão alta. Em vez disso, para Marinho, o Banco Central deveria ajudar com o desenvolvimento da economia, como o aumento da produção e a geração de empregos, por meio da redução da taxa de juros.
“Se cresce o número de empregos, vai crescer a demanda de consumo. Se cresce a demanda de consumo, as empresas não devem esperar faltar mercadoria lá na gôndola do supermercado. Eles têm que antecipar a velocidade da linha, contratando mais gente, botando mais oferta de produtos. É assim que se controla a inflação, de forma inteligente”, disse Marinho.
“A lógica do ministro está correta”, diz Fábio Sobral, professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Nós temos populações extremamente pobres. Não podemos esquecer que há 20 milhões de pessoas que am fome praticamente todos os dias.”
“É preciso uma política ativa de melhoria da vida da população, da renda, do país, da capacidade e da qualidade de vida do país.”
“Ganho de produtividade vem pelo investimento, e investimento só acontece quando os capitalistas têm a perspectiva de vender o que eles vão produzir a mais”, afirmou Faria.
“Para que a gente tenha uma modernização da economia brasileira, a gente tem que ter demanda agregada: consumo, investimento, exportações e gasto do governo crescendo para que os empresários capitalistas tenham a perspectiva de venda e queiram investir em inovação.”
“Ninguém vai investir em melhoria de processo, em compra de máquina nova, se não tiver a perspectiva de venda. O ministro está muito certo nisso.”
Sobral lembra ainda que 60% do produto interno bruto (PIB) do Brasil vem do consumo dos brasileiros, ou seja, acaba sendo dependente da renda da população. Nesse sentido, a política do Banco Central de querer arrefecer o crescimento salarial “reduz o tamanho da economia, reduz o PIB”.
“Diminuir salários, ao contrário do que eles dizem, não cria emprego, faz desaparecer empregos porque a economia diminui.”
Há problemas na metodologia do Banco Central
Tanto Pedro Faria quanto Fábio Sobral destacaram problemas nos cálculos do Banco Central para aferir o potencial da economia brasileira. Para Faria, as medições de hiato de produto “não captam a realidade da oferta no Brasil”. “Ela [a metodologia] tem um viés muito claro de produzir taxas de juros muito altas.”
O primeiro problema na equação é que não se afere o crescimento histórico da economia. “O Brasil cresceu muito pouco na última década. Se o crescimento histórico foi baixo, qualquer crescimento um pouquinho mais acima já é considerado um hiato de produto alto.”
Outro problema é não levar em consideração outras parcelas da população. Segundo a mesma pesquisa da PNAD, a taxa de subutilização entre os trabalhadores brasileiros é de 17,3%.
“Então, apesar do desemprego estar caindo, nós ainda temos muitas pessoas que estão trabalhando menos do que gostariam, pessoas que estão, no geral, em subempregos variados de baixíssima produtividade, como entrega por aplicativo, camelôs”, afirmou Faria.
Nessa camada de subutilização, aponta Sobral, há ainda aqueles chamados de desalentados, pessoas que desistiram de procurar emprego porque não encontram. Segundo a PNAD, são 3,5 milhões de desalentados no Brasil.
Há ainda, de acordo com o professor da UFC, 11 milhões de jovens da geração “nem-nem”, que nem estudam e nem trabalham. “É um número muito alto que precisa ser incorporado ao mercado de trabalho, ao processo produtivo, ao emprego, à renda.”
“Então nós estamos longe de ter uma saturação do mercado de trabalho”, disse Sobral.
Banco Central tem ‘viés conservador’
O Banco Central não está preocupado em melhorar a qualidade de vida da população, afirma Sobral. Essa visão é esclarecida por Faria, que aponta que o BC possui uma meta de inflação “muito baixa para uma economia subdesenvolvida”. “A nossa meta de inflação é 3%.”
“É importante ter uma meta mais folgada porque hoje somos 17,5% da população subocupada. Uma característica de uma economia subdesenvolvida é o descomo entre setores”, disse Faria. Isso quer dizer que, ao mesmo tempo que um setor da economia pode estar alcançando o pleno emprego, em outros há muitas pessoas subocupadas.
“A gente confunde o pleno emprego com o pleno emprego de trabalho, mas o pleno emprego também é o pleno emprego de capital. ‘A economia está em pleno emprego dos fatores’, é a expressão original.”
Dessa forma, explica Faria, “ao manter uma meta de inflação baixa, ou excessivamente baixa, você não permite ao processo inflacionário acomodar esses descomos”. “Então aceitar a meta de inflação mais alta, em 4,5% — não estamos falando de inflação de 10%, a gente permite o processo que o ministro descreveu de demanda agregada forte, que investe em inovação e qualifica a força de trabalho.”
No entanto, ressalta Sobral, o BC tem como objetivo primário o combate à inflação. Só depois da aprovação de sua independência que foi determinado que ele deveria se preocupar também com o nível de emprego. “Ele está se preocupando, mas contra o povo brasileiro” ao seguir “uma teoria fajuta de que ao aumentar os juros se combate à inflação.”
Segundo Sobral, a diretoria do Banco Central, comandada por Galípolo, “é de uma visão extremamente atrasada da economia, que é contra qualquer melhoria na distribuição de renda”.
“Eles são favoráveis à concentração de renda e ao benefício, principalmente aos setores financeiros.”
Há estudos que constatam, destaca Faria, esse viés conservador do Banco Central. “Ele causa uma dificuldade para que a economia tenha ganhos de produtividade”, afirma.
“E é justamente através dessa falta de produtividade que o Banco Central usa como argumento que os salários estão superaquecidos, que a taxa de desemprego já está baixa demais, mesmo um sexto da população brasileira ainda estando subocupada.”
“O ministro Marinho está certo. A gente precisa de demanda agregada aquecida para poder ter ganho de produtividade, investimentos em novas máquinas, novos processos, formação da força de trabalho”, disse Faria.
Essa política de manutenção dos juros altos, para Sobral, evidencia ainda outro caráter do BC: O PARASITISMO FINANCEIRO.
“O processo de financeirização do mundo, de um capitalismo financeiro do período da globalização, não estabelece somente uma espécie de preguiça [de desenvolvimentismo]. É um parasitismo financeiro.”
“AUMENTAR JUROS SÓ BENEFICIA AOS ESPECULADORES QUE DETÊM A DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA. SÓ FAVORECE AOS SETORES FINANCEIROS, FINANCISTAS.”
Esse parasitismo é muito próprio do capitalismo, “com grande domínio de oligopólios, de gigantescas corporações que exploram a população por intermédio desses mecanismos, principalmente do endividamento público”, diz Sobral. “É um mecanismo muito próprio também de sistemas muito injustos.”
“Da realidade brasileira, onde a concentração de renda é brutal e tem semelhanças desde o Brasil Colônia até hoje, há uma parcela muito diminuta da população, extremamente rica, e a grande maioria não tem o a rendimentos melhores.”
Poder paralelo antidemocrático
Mas os principais argumentos contrários à independência plena do Banco Central são de caráter político, pois a independência do Banco Central na prática significa a criação de um governo paralelo ao do presidente da República, eleito pelo voto e com o mandato popular. Portanto, esse status que os tecnocratas neoliberais querem dar ao banco Central é não só antidemocrático, como significaria uma regressão política de grande porte, semelhante aos tempos da monarquia de Pedro II, quando este tinha o chamado poder moderador, o quarto poder, que estava acima dos outros poderes e podia inclusive anular as decisões das outras instituições.
Em outros termos, permitir a criação de um Banco Central formalmente independente significaria entregar o poder de uma vez por todas ao mercado, ou seja, aos banqueiros e à oligarquia rentista, que aria a controlar o principal instrumento de execução da política econômica do país. Vale lembrar que o Banco Central define a emissão de moeda, o volume de crédito na economia, as taxas de juros, istra a dívida pública e a emissão e resgate dos títulos públicos, controla a política cambial e, portanto, o destino do comércio exterior, além de outras variáveis. Como vimos, todas essas varáveis afetam diretamente a condução da política econômica do País e a vida das pessoas.
Nesse contexto, com o Banco Central independente, seu presidente aria a ter um poder muito maior que o do presidente da República, mesmo sem ter tido um só voto em eleição para inspetor de quarteirão ou síndico de prédio. Na verdade, os banqueiros e os rentistas em geral, com a tese da independência do Banco Central, querem dar um golpe no conjunto da sociedade e se apossar da chave do cofre para saquear com mais liberdade o erário público e nem sequer prestar contas à sociedade.
Vamos imaginar, por hipótese, que o presidente do Banco Central esteja dissociado da política econômica adotada por um presidente com mandato popular, em função de sua independência. Numa situação dessa ordem, esse Banco Central poderia se tornar um poderoso instrumento de instabilidade econômica, pois teria instrumentos para promover a anarquia econômica, para gerar uma crise de proporções gigantescas, e poderia levar à desorganização da economia, com repercussões profundamente negativas junto à vida cotidiana da população.
Um Banco Central independente também traria consequências danosas para os trabalhadores, pois toda a política econômica estaria subordinada à istração da dívida interna e ao combate á inflação. Isso significaria um aumento do superávit primário e, portanto, redução das verbas sociais orçamentárias para saúde, educação, saneamento, para os salários dos funcionários públicos em função da prioridade do pagamento dos serviços da dívida interna. Como o foco é a estabilidade dos preços, que se dane o emprego e o crescimento econômico, afinal essas variáveis são apenas derivadas da política maior da estabilidade da moeda.
É como se no País não existisse gente de carne e osso, que depende do emprego para sobreviver, que precisa de renda [NR] para comer, vestir, calçar e viver. Esses tecnocratas neoliberais são tão ou mais nocivos para sociedade que os fundamentalistas religiosos (eles são fundamentalistas econômicos) ou os marginais que infernizam a vida das populações pobres nas favelas e periferias. Eles matam mais silenciosamente, mais ardilosamente, mais sofisticadamente, com um sorriso maquiavélico, milhões de pessoas todo o ano no País, com sua política econômica de concentração da riqueza nas mãos de uma elite parasitária e ampliação da miséria entre a maioria da população, que não pode usufruir serviços públicos de qualidade porque o governo é obrigado a gerar superávits primários para pagar os juros da dívida interna.
Uma instituição com a importância de um Banco Central fora do controle democrático da sociedade seria o paraíso para os banqueiros e rentistas. O mercado financeiro deixaria de terceirizar a istração da política monetária e econômica para assumir diretamente o controle das finanças do país, com total autonomia, sem prestar contas à sociedade. Seria como a raposa tomando conta do galinheiro. Realmente, a voracidade dos abutres financeiros não tem limites. Por isso, é importante dar um basta tanto a autonomia quanto à independência formal do Banco Central e estatizar todo o sistema financeiro, de forma a que e a servir aos interesses da maioria da população e não a meia dúzia de parasitas sociais.
A quem interessa os juros altos?
Banco Central anunciou aumento da taxa básica de juros, a Selic, para 14,25%.
Para piorar a situação do déficit governamental, o aumento na taxa de juros pelo BC faz subir os gastos. A cada 1% de elevação nos juros, a dívida brasileira aumenta em cerca de R$ 50 bilhões, comprometendo o orçamento público.
O aumento da taxa Selic foi criticado pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, que condenou a medida por reduzir o consumo e os investimentos.
Ou seja, se aumentar os juros piora a situação do governo e da indústria, para quem é bom?
Segundo o economista Pedro Faria, os juros altos interessam a quem empresta dinheiro, isto é, o sistema financeiro como um todo, como bancos, investidores e até mesmo grandes varejistas, que hoje, apesar de atuarem no comércio, mantêm posições financeiras.
“Quando você aumenta juros, você transfere a riqueza que é produzida pelas empresas do setor real para o sistema financeiro.”
Já o professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Fábio Sobral afirma há outras maneiras de controlar a inflação que não am por elevar a taxa de juros, como o controle de alguns preços-chave, como o de combustíveis pela Petrobras.
“A inflação brasileira é muito sensível a aumento de combustíveis, aumento de energia elétrica, aumento de remédios. Então se você controla os preços istrados, boa parte da inflação é controlada.”
Dessa forma, para os especialistas, a escolha pelo aumento dos juros é mais do que ineficaz, é contraproducente, uma vez que mina a sustentação financeira do governo, que a a ter de cortar as despesas sociais para se manter, enquanto beneficia e protege o setor financeiro. Ainda assim, é o principal remédio contra a alta da inflação vendido pelos economistas que montam o Focus.
“O Boletim Focus não é um grupo imparcial, é gente absolutamente interessada em que os juros subam”, diz Sobral.
“É óbvio que eles vão criar impressões de descontrole de uma macroeconomia em estado crítico para que eles tenham os benefícios políticos, econômicos.”
Segundo o professor, o Brasil faz parte de um fluxo internacional de capitais que se aproveita dos altos juros a que são vendidos os títulos da dívida brasileira.
“Retiram empréstimos em países de juros baixíssimos, ou a até 0%, no Japão, convertem esse dinheiro em dólares e compram a dívida pública brasileira, obtendo lucro na diferença gigantesca.”
“Tudo isso é pensado e é proposital. Tudo é trabalhado politicamente. A economia em sua grande parte pelos economistas é uma farsa, uma elaboração fajuta para defender seus interesses próprios.”
em que aprofundar o assunto a respeito do Lula ser o garoto propaganda dos Irmãos Batista para exportar carne, que é um setor grandioso do Agro. Lula é contra o AGro, depende.
🚨🌈💩 Aparelho excretor não reproduz, Levi Fidelis.
Faz o L