Zé era um enviado do Capeta na missão de arrematar almas no Brasil. País tropical, sensual, com um tradicional “jeitinho” ao lidar com a coisa pública, o ambiente se mostrava um tanto favorável à sua missão, à exceção da insistência no Cristianismo. Não era tão difícil assim seduzir aquela pobre gente para um pacto mefistofélico, abandonando Deus no caminho. Mas Zé, meticuloso e ambicioso, não estava satisfeito. Resolveu escrever uma carta ao próprio chefe, o Capiroto, para ver o que mais poderia ser feito para acelerar sua missão.

O Diabo, então, respondeu, e ali começou uma troca de correspondência entre ambos. O Diabo, mais paciente e experiente, tentava acalmar seu jovem aprendiz: “Tudo está indo conforme o planejado”. Mais e mais almas sucumbiam, mostravam-se incapazes de resistir às tentações oferecidas pelo Capeta, e os ingressos para o Inferno batiam recorde atrás de recorde, matando a Disney de inveja. “Não há qualquer motivo para tanta apreensão assim”, dizia o Diabo ao seu promissor discípulo.
“Um desejo cada vez maior por um prazer cada vez menor é a fórmula”, explicou. E os brasileiros não caíam feito patinhos nesse truque? Não desejavam mais e mais, vivendo em condições cada vez piores? Tudo apontava na direção certa. O calor infernal já dava para ser sentido à distância. “Uma religião moderada é tão boa para nós quanto nenhuma religião — e mais divertida”, colocou o Diabo. Zé teve de concordar que o povo brasileiro era tão crente que mantinha várias religiões simultâneas, mas quase nunca com devoção sincera. Os cristãos fiéis eram poucos, na prática. A palavra da moda no país era “moderação”. Estava tudo de acordo com o plano.

O povo brasileiro é brincalhão, gosta de palavrões, mas esse não era o maior trunfo do Diabo. Mil piadas obscenas, ou mesmo blasfemas, não ajudam tanto na condenação de um homem quanto sua descoberta de que quase tudo o que ele deseja fazer pode ser feito, não apenas sem a desaprovação, mas com a iração de seus semelhantes, desde que consiga tratar a coisa em si como uma piada. E quem leva o Brasil a sério? Quem assina uma carta pela democracia para ajudar um corrupto bajulador de tiranos certamente sabe que tudo é uma grande piada. E o Diabo adora!
Zé entendia os argumentos do chefe, mas não estava totalmente convencido. Por que o Brasil não poderia acelerar numa Ferrari, como a Venezuela, rumo ao seu destino? O Capeta rebateu: “De fato, a estrada mais segura para o Inferno é a gradual — a inclinação suave, suave sob os pés, sem curvas repentinas, sem marcos, sem placas de sinalização. Aquela velha história do sapo escaldado, lembra? A melhor forma de destruir a liberdade e a fé é fatiá-las como um salame, aos poucos, para que as vítimas sintam ainda viver na normalidade”.

Espalhar a descrença na busca pela Verdade é fundamental, e aqui o Diabo parabenizou seu aprendiz. Zé tinha contribuído bastante para fazer com que os brasileiros não mais levassem a sério a possibilidade de conhecer o que é Verdadeiro, substituindo isso pelos debates infindáveis onde tudo é mera opinião, e nenhuma vale mais do que a outra. A grande coisa é fazer a vítima valorizar uma opinião por alguma qualidade diferente da verdade, introduzindo assim um elemento de desonestidade e faz de conta no seu coração. “Genocida”, gritava a elite adestrada. “Democrata”, bradava a mesma turma quando era o adversário socialista.
“O medo torturado e a confiança estúpida são estados mentais desejáveis”, disse o Diabo. “A tarefa a realizar é conseguir que um homem primeiro valorize a justiça social como uma coisa que o Inimigo exige, e então levá-lo ao estágio em que ele valorize o Cristianismo porque pode produzir justiça social. Ou seja, infiltrar-se na própria Igreja e transformar Jesus num ativista de esquerda, eis a jogada de mestre! E não seja humilde, Zé, pois isso é coisa de quem segue nosso Inimigo: você teve mérito nessa conquista! Veja hoje quantos padres pregando a nossa mensagem!”

“Acredite nisso, não porque é verdade, mas por algum outro motivo; esse é o jogo”, explicou o Mestre do Inferno. “Pare para pensar em quanta gente boa no Brasil coloca o pragmatismo acima da Verdade, gosta de se considerar uma pessoa ‘prática’, desprovida de radicalismos, de paixões, disposta a acreditar em duas coisas contraditórias e impossíveis ao mesmo tempo, tudo para não receber o rótulo de ‘extrema direita’ por parte da nossa turma na extrema esquerda!”
O ódio é melhor combinado com o medo. A covardia, entre todos os vícios, é puramente dolorosa — horrível de prever, horrível de sentir, horrível de lembrar; o ódio tem seus prazeres
“Assim como escolhemos e exageramos o prazer de comer para produzir gula, escolhemos esse prazer natural da mudança e o transformamos em uma exigência de novidade absoluta. Tem dado certo, Zé! ‘Mudança’, clamam nossos soldadinhos. ‘Pior do que está não fica’, defendem. E assim toda tradição é derrubada, todo tabu é abandonado, e toda insanidade é colocada no altar por ser ‘moderna’. Essa coisa de fazer as pessoas repetirem que homem pode ser mulher e vice-versa foi incrível. Depois que aceitam essa loucura, tudo é possível. Estamos ganhando, Zé, não se desespere.

O Inimigo adora banalidades. De um curso de ação proposto, Ele quer que os homens, até onde posso ver, façam perguntas muito simples: ‘É justo? É prudente? É possível">“Manicômio tributário”
Texto Magistral. Parabéns, Constantino!
Constantino, muito boa essa sua versão de Cartas de um Diabo ao seu Aprendiz. Lewis deve estar olhando para o Brasil com preocupação, de onde estiver. A Revista Oeste é um farol no meio desse mar de jornais e revistas de esquerda, incluindo aí o consórcio.
Rodrigo Constantino, seu artigo é de rir pelas metáforas, mas é de chorar pela realidade que vivemos.
É lamentável que os propagadores da “democracia relativa” não tenham a mesma seriedade e honestidade para tomar a mesma decisão de Clítenes e decretar seu próprio ostracismo.
sensacional ! só uma dúvida o tal do Zé tinha sobrenome de ALEXANDRE !!??
A sociedade brasileira precisa ir as ruas.
Simplesmente excelente.
Excelente,inteligente,Constantino.
Excelente artigo do Consta. Enquanto os suditos ideais anestesiam o canavial de ingênuos e alguns malandros brasileiros, estes segundos já com malas prontas para fugirem quando o “paraíso” se estabelece nas terras tupiniquins, avisados eles foram.
O mal está nas paradas de sucesso, trazendo fome, guerra e mortes.
Constantino sempre impecável – ” atualmente os homens escolhem as verdades mais convenientes ao convívio “social” , nunca as que am pela chave do intelecto ” ontem recebi uma msg que dá conta que o “papa” deseja reescrever a Bíblia – É SERIO ISSO?
A verdade é para o poder o que o fogo é para a cera, por isso o poder e a verdade são inimigos mortais. Esse texto do Constantino é eficiente e esclarecedor sobre o inimigo que enfrentamos do lado de dentro.
Uma nação tem como sobreviver aos seus idiótas e até mesmo seus ambiciósos. Más uma nação não tem como sobreviver a traição que vem de dentro.
Um inimigo na fronteira é menos formidável e fácil de reconhecer pois ele carrega suas cores e sua bandeira abertamente e marcha de encontro ao país. Más, o traidor, ele se move livremente e dissimuladamente ao nosso redor. Ele é um sabotador a serviço do inimigo.
Ele possui a natureza traidora de um escorpião, ele é cruel, más não demonstra, ele anda pelos corredores do congresso fazendo fofócas e piadas.
O traidor não tem aparência de traidor pois ele veste a camisa do seu time e fala a mesma línguagem e possui as mesmas caracteristicas familiares de suas vítimas, e seus delitos am despercebidos ou ignorados.
Ele usa a mídia ( GloboLixo) como um papagaio repetidor de frases polarizantes, como: “Estado Democrático de Direito”, “O amor venceu” e dessa forma mantendo o povo pacífico e inerte enquanto arquiteta seus planos de ditadura.
Ele é um mestre na arte de projeção, fazendo uso da palavra “Golpe”, “Genocida” e como em um e de mágica, toda sua atividade nefária é recalibrada como crimes de seus oponentes ou predecessores.
Ele usa táticas de “Fraude” e “Manipulação” para idealizar, confundir e intimidar outros, sua face é reconhecida em todo territorio nacional, ele vis-à-vis ao demônio, apela à falta de princípios morais que se encontra imersa dentro do coração dos homens.
Ele apodrece o espírito de uma nação, trabalhando sorrateiramente na calada da noite, em sua clandestinidade enfraquece os pilares da nação.
Ele infecciona e corrompe o corpo político de uma forma que a sordidez domine, fazendo com que o mesmo já não tenha como resistir e a nação sucumbe a corrupção, destruição, violência e miséria.
Um assassino é menos temível, o traidor é uma praga para qual não há vacina e contamina a nação, nada contém sua sêde insaciável de poder, logo transformando-se em um Tirano.
A nossa educação e experiências de vida, o moral ideal sob o qual muitos de nós fomos criados, ser honesto e fazer o bem, molda-nos naquilo que somos hoje. Isso também nos dá um intrínseco entendimento das complexidades da falácia humana, tais como: Decepção, falsidade, heresia. Nossos antagonistas, conhecidos como “Petralhas”, gostam de usar o medo e animosidade para intimidar-nos.
Eles são extremamente desagradáveis e exibem uma arrogância sem restrições. Alguns de nós quando somos alvo dos petralhas, nos sentimos intimidados e até nos tornamos desânimados, pois psicologicamente não entendemos como outros seres humanos podem ser tão perversos e desumanos. Se voce se sente desta forma, não deixe o medo definir quem voce é, todos nós que estamos nesta luta contra o malígno devemos ser firmes em nossas convicções e retidão. O único propósito da existência do medo, é a conquista dos fracos. A verdade é o inimigo mais temível dos petralhas e o medo é arma que utilizam. Não deixe o desespero, destruir sua autoridade moral.
De tanta metáfora só pensamos que é proibido falar, mas sabemos que o Brasil não ficará calado com tanta injustiça. Botemos fé em gente como Constantino, esse é um exemplo de como combater o capeta
Constantino, esse artigo é campeão, amei demais.Uma leitura não é suficiente,precisa reler para apreciar,parabéns. Você é talento puro.
Excelente o artigo!
PERFEITO, CONSTANTINO……..texto digno de nota e de reflexão. Brasil o país do futuro só se for no inferno mesmo.
Celso R K Caetano
Parabéns pelo excelente texto, vai fazer companhia para o também excelente Chifres, rabo e tridente do Ernesto Lacombe.
Parabéns pelo belo texto, ficará junto com o do Lacombe como os melhores sobre o diabo.