O presidente brasileiro vem reiteradamente defendendo a instituição de uma governança global, dotada de autonomia para decidir sobre alegadas “questões climáticas” e que se sobreponha aos parlamentos nacionais. Recentemente, na COP28, questionado se acreditava que os países ricos liberariam os US$ 100 bilhões anuais prometidos no Acordo de Paris para compensar os estragos em nações menos desenvolvidas, ele disparou: “Não acredito. Sinceramente acho que é preciso que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas. Precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Porque, se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que votar [sic] internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir”. E colocou a cereja — podre — no bolo, sugerindo a abertura de um fundo permanente para promover a sustentabilidade, alojado na ONU e com poder para tomar decisões sem ar pelo crivo dos Legislativos. Ou seja, o chefe do Executivo de um país supostamente democrático diz, sem qualquer cerimônia, que o Congresso Nacional atrapalha. E a velha imprensa finge que não ouviu. Sem dúvida, trata-se de uma das facetas da “democracia relativa”, em que o clima é apenas um dos inúmeros pretextos para alimentar a vontade de poder.
Já em fevereiro deste ano, em encontro com o presidente Joe Biden, defendera a adoção dessa governança global, mediante uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. Naquela ocasião, afirmou que isso não significa que o Brasil vai abrir mão da sua soberania, mas que se trata apenas de “compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia, para melhorar a qualidade de vida na região”.

É forçoso lembrar que, além do Executivo, o Judiciário também aderiu declaradamente aos objetivos da Agenda 2030. Recentemente, por exemplo, a ministra Rosa Weber, pouco antes de aposentar-se na Suprema Corte, fez constar, em seu voto favorável à descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação, que o seu entendimento estava em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que estipulam “assegurar o o universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão”. Mas e a sintonia com a nossa legislação?
A verdade é que a questão da governança global nos remete a perigos que suas aparentes boas intenções escondem maliciosamente: a perda de soberania, a centralização ditatorial de decisões, o desrespeito às liberdades individuais e — acima de tudo — a destruição dos valores morais do Ocidente. Há coisas nos ODS ou na Agenda 2030 da ONU, no protocolo ESG e nas ações dos bilionários que se acham donos do planeta e que controlam o Fórum Econômico Mundial que são invisíveis a olho nu, mas que precisam ser desmascaradas.

Como se sabe, os ODS são uma agenda que os iluminados querem enfiar goela abaixo do mundo, adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável de setembro de 2015 e que já ou por várias revisões, composta de 17 objetivos e 169 metas, a serem atingidos até 2030. Os temas abarcam quatro áreas: (a) social, que se relaciona às necessidades humanas, saúde, educação, melhoria da qualidade de vida e justiça; (b) ambiental, que diz respeito à preservação e conservação do meio ambiente, com ações que vão desde a reversão do desmatamento, proteção das florestas e da biodiversidade, combate à desertificação, uso sustentável dos oceanos e recursos marinhos até a adoção de medidas efetivas contra mudanças climáticas; (c) econômica, que se refere ao uso e ao esgotamento dos recursos naturais, à produção de resíduos e ao consumo de energia; e (d) institucional, relacionada à capacidade de colocar os ODS em prática.
Não é de se estranhar que o atual governo do Brasil ajoelhe-se diante da utopia da governança global, uma vez que o globalismo, tal como o marxismo, é uma ideologia, um experimento de engenharia social que tem a predisposição mórbida de eliminar os valores e princípios morais que sustentaram durante séculos a tradição ocidental
É cansativo listar os 17 objetivos, mas é necessário fazê-lo, para desnudar o seu grau estarrecedor de atrevimento. A lista de tarefas prevê a imposição de centenas de ações mundiais, que indicam até que ponto vai a pretensão de tutelar a vida alheia, conforme descreve a própria página da ONU no Brasil. Eis as metas: (1) acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; (2) acabar com a fome; (3) alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável; (4) assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades, assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; (5) alcançar a igualdade de gênero e empoderar [sic] todas as mulheres e meninas; (6) assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos; (7) assegurar o o confiável, sustentável, moderno e a preço ível à energia para todos; (8) promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; (9) construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
E a empáfia megalômana continua: (10) reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; (11) tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; (12) assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; (13) tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima; (14) conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; (15) proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; (16) promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o o à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; e (17) fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Quanta pretensão! Que enorme fome de poder! Querem nos fazer felizes, mas à maneira deles. Que resultados esperar de metas tão ambiciosas? A ONU, que há sete décadas não consegue resolver nem simples conflitos entre vizinhos de condomínio, vai dar conta dessas façanhas? E — o que é mais importante — quem definiu essas metas? Você, caro leitor, por acaso foi consultado? De que legitimidade esses salvadores da humanidade se revestem para, simplesmente, atropelarem os parlamentos que representam, ao menos teoricamente, a vontade dos povos espalhados pelo mundo">“A aposta na liberdade”
Brilhante artigo !! parabéns professor Iorio ! Grato abrs
As ações desse governo global estão sendo muito bem preparadas no Brasil.
O imposto verde é proibição de venda de determinadas geladeiras é só o começo.
Infelizmente o ocidente sucumbiu! Precisaremos de muita determinação para evitarmos a destruição, pois o plano perverso de domínio está quase completo! Que Deus tenha misericórdia!
Infelizmente o ocidente sucumbiu! Precisaremos de muita determinação para evitarmos a destruição, pois o plano perverso de domínio está quase completo! Que Deus tenha misericórdia!
Lembrei da pandemia. A OMS ditando tudo, e a OMC em silêncio diante o fechamento do comércio.
Excelente.
EXCELENTE ANALISE !!!!!
MAS COMO FAZER TUDO ISTO SENDO UM ESTADO DE BRASILEIROS PARA BRASILEIROS.
Atacou genericamente o globalismo. Tem de enfatizar a inoperância da ONU em resolver conflitos e a inultraável logística pra cumprir agenda bem-intencionada e extenssíssima
Parabéns, Ubiratan.
Texto preciso, cirúrgico e verdadeiro.
Vale ressaltar que se trata do Ocidente, ou seja, Europa, Canadá, EUA e, de quebra, América Latina. Os demais países, que constituem a maioria da humanidade, seguem com outros valores e prioridades.
E só o Ocidente produziu um dos bens mais preciosos: a liberdade. É isso que está em jogo.
Geração Z. Z de zebra …
Infelizmente essa nova geração de acéfalos não consegue discernir o que é certo?
Alguns bons anos atrás, assisti uma palestra sobre a Nova Era, ou New Age. Pela palestra, este movimento, que hj, entendo, ser definido como gloabalismo, tem os mesmos propósitos: dominar o mundo, enterrando o modelo judaico-cristão. Como não tiveram força para atingir a religião, buscam a derrocada da família e as liberdades individuais, a soberania das nações. Vigiai e orai.
Parabéns Ubiratan por esclarecer que os governantes não estão sendo capazes de cuidar do próprio país. Cada governo deve respeitar as fronteiras e soberania de todos os países
Importante lembrar que, em Direito Internacional, as orientações e determinações de Organismos Internacionais não são de cumprimento obrigatório (‘jus cogens’), apenas as convenções/tratados aprovados pelo Congresso, ratificados e depositados na ONU.
A utopia do Globalismo e do Comunismo é a mesma. Jamais dará certo em lugar algum. Enquanto o Comunismo se alojou, de certa forma, aleatoriamente em cada país, o Globalismo sonha infantilmente em colocar o mundo inteiro sob suas botas de um só assalto. Abram as covas no deserto, porque nas cidades não haverá espaço.
O mal se alastra com o silêncio dos bons.
O tema deveria ser encampado pelas poucas publicações de direita-conservadora-cristã, fomentando o debate.
Um minoria pensa sobre o globalismo.