O primeiro ano do governo Lula termina com uma constatação unânime: independentemente da camada social ou da região do país, a sensação de insegurança aumentou — e muito. Diariamente, a população das cidades assiste a cenas de roubos à mão armada. Arrastões tomaram as praias do litoral. As facções criminosas cresceram ao ponto de disputar território à luz do dia. Em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, é impossível não conhecer alguém que teve o celular furtado nas últimas semanas.
Para o deputado gaúcho Ubiratan Sanderson (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, isso é resultado da frouxidão no combate ao crime organizado. E o principal responsável por essa situação é o ministro Flávio Dino. “O Ministério da Justiça, que determina as linhas programáticas para o enfrentamento ao crime organizado, simplesmente parou, travou e não fez nada”, disse. “Não há um programa que tenha sido criado no ministério.”
Sanderson foi policial federal por 25 anos. Antes, serviu como tenente do Exército. Ele afirma que a esquerda optou pelo aparelhamento ideológico de um setor que precisa de especialistas, técnicos e muito treinamento. O deputado ainda avalia como uma “medida de mentirinha” a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada por Lula, que enviou homens das Forças Armadas para aeroportos e portos do Rio e de São Paulo.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Como o senhor avalia a gestão da segurança pública neste primeiro ano de governo Lula?
A pior avaliação possível. Posso afirmar que 2023 é o pior ano da segurança pública nos últimos 30 anos. O Ministério da Justiça, que determina as linhas programáticas para o enfrentamento ao crime organizado, simplesmente parou. Não há um programa que tenha sido criado no ministério. O principal motivo é a falta de técnicos. Nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, eles tinham técnicos no Ministério da Justiça. Cheguei a trabalhar em várias operações com o ministério. O ministro era político, mas os demais eram técnicos — delegado da Polícia Federal, coronel da Polícia Militar, policiais civis ou rodoviários, ou ainda promotores de Justiça. Todas as secretarias eram ocupadas tecnicamente. Agora, com Flávio Dino, eles aparelharam ideologicamente o Ministério. O número dois da pasta é o jornalista Ricardo Cappelli — e ele manda. Eles detestam os policiais. Os demais auxiliares são três ex-deputados federais que não se reelegeram: Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos, Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor e Tadeu Alencar, secretário Nacional de Segurança Pública. Eles nunca pisaram numa delegacia, não sabem nada de segurança pública. O segundo ponto é que eles já têm uma concepção ideológica e não desejam mudar. Ou seja: bandido é vítima da sociedade e há superlotação nos presídios. O terceiro ponto sempre foi o interesse político do ministro Dino em ir ao Supremo Tribunal Federal. Ele nunca se preocupou em fazer um plano de segurança pública voltado para a população, tanto que ele nunca pisou em uma delegacia, apesar de ter ido à Favela da Maré, no Rio.
Sou a favor de pena de morte, para criminosos recorrentes. Só assim pode se fazer uma política de ressocialização sem lotação nos presídios.