No Brasil, quase 30 milhões de pessoas têm algum dependente químico na família. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, 6% da população brasileira faz uso de algum tipo de droga, com dependência. São mais de 12 milhões de pessoas. Com 14 anos de experiência no tratamento de dependentes químicos, a psicóloga Gabriela Abdalla, de 42 anos, recentemente viralizou na internet quando um paciente publicou o vídeo de uma de suas reuniões. Sua forma firme de falar, de modo direto e contrário à vitimização, agradou muita gente. E renovou a esperança de familiares que já haviam deixado de acreditar no tratamento.
Ao mesmo tempo, a postura de Gabriela cutucou um vespeiro. O Conselho Regional de Psicologia, grupos de esquerda e alguns profissionais de classe frequentemente a criticam e rotulam o tratamento da psicóloga como “agressivo”. “Há muito floreio e romantização nesse meio”, observou Gabriela. “Eles colocam os dependentes químicos em uma posição de vítima. O certo é jogar para eles a responsabilidade.” Em meio a tantos likes, pedidos de socorro e denúncias sobre seus métodos, a psicóloga esclarece sua abordagem por meio da experiência de campo. E, sobretudo, enfatiza os efeitos irreversíveis do uso abusivo de drogas.
Confira os principais trechos da entrevista.
Quando a senhora começou a trabalhar no tratamento de dependentes químicos">

Quais são as diferenças entre os tratamentos voluntário, involuntário e compulsório?
Enquanto na condição voluntária é o sujeito que procura o tratamento, na involuntária é a família que procura a instituição. Na compulsória, precisamos de uma autorização judicial para resgatar o sujeito das drogas. Muitos não aceitam, daí vem a internação involuntária. Uma pessoa pode perder totalmente o juízo crítico e cometer as maiores insanidades. Logo, uma família pode, para se autopreservar, solicitar esse tipo de internação. Muitas pessoas a criticam, mas a dependência é um sofrimento para as famílias.
Em quais dessas internações a sobriedade se manteve por mais tempo?
Muitas vezes, o sujeito vem de forma voluntária, bem magro, engorda — e volta para o mesmo lugar. Há muita reincidência na internação voluntária. É um trabalho de formiguinha, mas vejo recuperações. Conheço pessoas com 60 internações, que aram por comunidades terapêuticas por dez, 20 vezes. É preciso uma rede de apoio para manter a sobriedade.
Como é possível resolver a reintegração social do indivíduo que saiu das drogas?
Acho que é preciso um olhar mais profundo, e não só do poder público. Penso que há pessoas em nível nacional com condições melhores, que podem ajudar a desenvolver projetos de reinserção social, com trabalho. Porque eles têm comida, cobertores, doações. E fica nisso. É difícil os ex-dependentes se reintegrarem à sociedade de forma digna, em razão dos atos infracionais que cometeram durante o uso da substância.
O uso recreativo influencia o sujeito a cair no uso abusivo?
Fico irada com pessoas informadas que escolhem as drogas. Quando alguém opta pelo uso recreativo, assume o risco de dependência, porque você não sabe se tem a predisposição. Quem faz uso da substância química demora para reconhecer a dependência. A jogada de mestre das drogas é causar dependência para aumentar o fluxo de caixa de quem ganha com isso.
É mais fácil tratar mulheres ou homens?
Tratar a dependência química em mulheres pode ser mais desafiador por várias razões. Elas tendem a enfrentar estigmas sociais mais intensos em relação ao uso de drogas, o que dificulta a aceitação. Existem questões hormonais e biológicas, aspectos psicossociais e experiências traumáticas. Isso exige uma abordagem mais sensível. Isso tudo pode aumentar os comportamentos agressivos. Faço uma reunião com elas em que começo a Oração da Serenidade e, logo depois, elas discutem entre si.
Parabéns pelo trabalho, Gabriela.
Gabriela, você está de parabéns pelo seu trabalho, pela sua visão sobre este problema que é crucial para muitas pessoas, para muitas famílias que são as maiores sofredoras. Pergunte à família do drogado o que ela acha da situação? É de uma tristeza desconcertante. Os tratamentos, como bem disse ela, devem ser sérios – sem vitimização – sem frescurite – sem mimimi – isto tudo não ajuda. Seriedade, disciplina, limites e não dinheiro como o programa idiota do Haddad. Conheci uma mãe que se cansou do filho. Deixou ele numa casa dela e ele vendeu tudo que podia vender para comprar drogas. Inclusive portas e janelas. Descriminalizar o porte é tudo que o tráfico está pedindo. Com certeza, os ganhos aumentarão – não perderão mais o produto para a polícia. Talvez neste aspecto fosse interessante a diminuição penal – uma grande parte de traficantes são menores – 14 para cima, até 18 – para não ser preso.. Por último, este conselho regional de psicologia é como todos os conselhos profissionais do Brasil – não servem para nada. Aliás servem sim – cobrar as mensalidades para uma turma de vagabundos se locupletarem.
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tenho caso de dependente químico na minha família, um filho de 32 anos, totalmente desfuncional !
4 internações compulsórias, 01 tratamento alternativo sem internação (não funciona)
volta e meia recaídas !!
sou totalmente à favor do método da psicóloga Gabriela Abdalla !! está certinha parabéns pelo trabalho Gabriela!
Louvável o trabalho de todas as pessoas que se dedicam aos adictos. São uns infelizes que encontram anjos.