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Edição 209

Um governo tragicômico

É mais fácil recolher uvas de oliveiras do que um solitário acerto no atual governo brasileiro

Bem que a parte imunda e moribunda da imprensa se empenha para colher uvas em oliveiras no esforço hercúleo de encontrar qualquer ponto positivo no governo, mas o insucesso de suas tentativas apenas vai deixando cada vez mais visíveis a parcialidade, a rejeição a fatos e a adesão a narrativas, desnudando a sua renúncia à missão de informar. A verdade é que é mais fácil recolher uvas de oliveiras do que um solitário acerto no atual governo brasileiro e que, quando se trata de política econômica, é ainda mais fácil extrair não só uvas, mas também mangas de oliveiras. A bem dizer, é literalmente impossível achar no “governo do amor” qualquer coisa móvel, imóvel ou semovente que se possa chamar de política econômica. A bagunça é impressionante; e a incompetência, gritante.

O noticiário econômico chega a ser tragicômico. Vou me ater apenas a duas — dentre dezenas de outras — manifestações recentes de dois integrantes da superpopulação de ministros que batem cabeças na Esplanada, enquanto o seu chefe eia pelo mundo com a mulher e comitivas numerosas, torrando sem pudor o nosso dinheiro. A primeira foi a declaração do ministro do Trabalho e Emprego defendendo a regulamentação do trabalho de motoristas de aplicativos, e a segunda foi do titular da pasta das Comunicações anunciando a criação de um grupo de trabalho para regulamentar o serviço de entregas de e-commerce no Brasil, alegando que isso fortalecerá os Correios e permitirá à empresa atuar em “pé de igualdade” com as concorrentes privadas, informando ainda que, para fortalecer a estatal, o governo federal destinará R$ 856 milhões em investimentos no bojo do Novo PAC. É dar azo demais ao atraso.

Juscelino Filho, ministro das Comunicações (20/12/2023) | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro do Trabalho e Emprego é do PDT, um partido que, dentro do próprio socialismo, pode ser considerado pré-histórico, que ainda vive na fase anterior à Escola de Frankfurt, em uma época em que os autoproclamados “revolucionários” seguiam ao pé da letra o profeta Marx e acreditavam piamente que o grande “conflito dialético” que geraria a libertação da humanidade da opressão se dava entre capitalistas e operários. O mundo mudou, mudaram as categorias de “exploradores” e “explorados”, mas, segundo essa mentalidade tacanha, o que importa é a “carteira assinada”, mesmo que, para contemplar poucos com essa dádiva garantidora da felicidade, seja inevitável que empresas fechem as portas e muitos percam o emprego. Já para o ministro das Comunicações, é necessário proteger a qualquer custo uma estatal que já deveria ter sido privatizada há muito tempo e que tem em seu prontuário um escândalo de corrupção do porte do “Mensalão”. Sinceramente, essas duas propostas comprovam que é possível estar mais atrasado do que o próprio atraso. E olhem que estou deixando de citar dezenas de outras.

Proibir o Real Madrid e o Barcelona de colocarem os seus craques em campo seria uma resolução justa para eliminar as “desigualdades” no campeonato espanhol? É justo você ser punido pela própria eficiência, comparativamente à ineficiência de um concorrente? É moralmente aceitável proteger empresas que não atendem satisfatoriamente aos seus clientes, impondo regras e mais regras sobre as concorrentes, a fim de torná-las menos eficientes e, assim, nivelar todas por baixo? Aumentar os custos de produção das concorrentes por acaso é solução para salvar uma empresa pesada, ineficiente e politizada? E mais, é mesmo preciso existir uma companhia estatal para fazer entregas de cartas e encomendas">“Os caçadores impostores”

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11 comentários
  1. Joel Luiz Oliveira Rios
    Joel Luiz Oliveira Rios

    Partidos políticos são os únicos produtos que jamais deferiam estar nos balcões de negócios oferecidos ao quem dá mais, porém infelizmente é o que mais ocorre neste Brasil brasileiro em que todos gostariam de ter um partido político pra chamar de seu. Sem dúvida, o mais lucrativo negócio do mundo. Levam bilhões de nós, dos nossos impostos, para em troca se venderem por emendas parlamentares e cargos públicos que valem milhões. Eita brasilzinho bom pra certas castas dos poderes da República bananeira brasileira. O povo que se exploda!

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Se as autoridades brasileiras não tirar essa corja de bandidos ladrões comunistas terroristas genocidas que estão no poder, vamos descer de ladeira a baixo pra ruína

  3. Bruno Iorio de Souza
    Bruno Iorio de Souza

    Muito bom artigo! Claro, direto ao ponto e com as pitatas de humor/cultural de sempre!

  4. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    No penúltimo parágrafo, constato que devemos cada vez mais instruir os ”carteira assinada”, do tanto de impostos que lhe é imputado, por manobras da esquerda.
    O custo para a empresa é X, e o colaborador recebe X/2…
    Em grande parte a massa da sociedade não tem este discernimento e cai no conto de fadas do petismo…

  5. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Gostei da analogia de Real Madrid e Barcelona, no campeonato espanhol.

  6. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Não há liberalismo que sobreviva à mão pesada do Estado Progressista.

  7. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Falando de partidos políticos, o PDT foi gerado pelo exilado e anistiado Leonel de Moura Brizola após perder a demanda judicial pelo controle do PTB que ficou nas mãos de Ivete Vargas.
    Aliás montar um partido político no Brasil e transformá-lo em balcão de negócios faz parte da triste história política tupiniquim.
    O livre mercado é o santo remédio para deixar o consumidor fazer suas escolhas.
    Estamos na semana da Páscoa e aqui na minha cidade uma rede de lojas de departamentos anunciou a caixa de bombons com 251 g de um fabricante por R$ 9,90.
    Ontem eu e minha esposa fomos a um supermercado e a mesma caixa de bombons era ofertada aos consumidores por R$ 8,90.
    Com a ideia fixa de arrecadar cada vez mais sobre a atividade econômica o mercado acaba sufocado.
    O país necessita focar na sua produtividade que é a única porta de entrada para o desenvolvimento econômico para melhorar as condições gerais para empresas e trabalhadores.

  8. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Fica claro que o VOTO IMPRESSO poderia nos ter ajudado. Ou o resultado inquestionável porque AUDITADO seria diferente ou teríamos certeza que 50,9% dos eleitores que votaram, querem isso que esta ai, não é senhores TUCANOS que fizeram o “L” e tanto exigiram o VOTO IMPRESSO em 2014.

  9. NOS
    NOS

    É tão fácil de entender. Por que não fazem, né? A livre concorrência é a mola propulsora da economia. Coletivistas pensam no poder, somente. O país fica entregue às moscas (ou raposas).

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