“Continue lutando.” Essa foi a mensagem deixada por Luis Peyser, paciente que se curou de um câncer no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Durante semanas, ele foi submetido diariamente a sessões de radioterapia. O tratamento, realizado em salas equipadas com aparelhos semelhantes ao de raio X, visa a destruir o tecido tumoral e a impedir que as células cancerosas se multipliquem. O procedimento é rápido, em torno de 15 a 30 minutos de duração, mas demanda disciplina do paciente. Depois de muitas visitas ao Icesp, Luis Peyser recebeu a boa notícia: estava livre do câncer. Para celebrar a conquista, comprou um sino e instalou o instrumento na recepção onde os pacientes aguardam atendimento para a radioterapia. Hoje, o ritual de tocar o sino é repetido por centenas de pessoas que vencem a batalha contra a doença.

O caso de Luis é um dos tantos que ilustram a trajetória de sucesso do Icesp. Mário Covas, ex-governador de São Paulo, internado no Instituto do Coração, em São Paulo, para tratamento de um câncer de bexiga, estava em seu leito no hospital quando avistou no horizonte, pela janela, um esqueleto de concreto abandonado, com 112 metros de altura. Tratava-se de um edifício inicialmente projetado para conceber um centro médico voltado para a saúde da mulher. A construção começou em 1988 e ficou paralisada por anos.
Covas prometeu ao seu médico que daria um destino àquela obra. Em 2001, o político morreu, depois de anos lutando contra vários tumores. Mas sua promessa se concretizou. Durante a gestão do então governador Geraldo Alckmin, que assumiu o comando do Estado de São Paulo com a morte de Covas, iniciou-se a discussão das propostas para uso do prédio baldio. Só em maio de 2008, 20 anos depois do começo das obras, foi inaugurado o maior centro de oncologia da América Latina — o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, integrado ao complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Instituição viva e intensa
O que poderia ter se tornado mais um elefante branco encalhado se transformou num colosso no tratamento do câncer: desde a sua fundação, o Icesp atendeu 135 mil pacientes, realizou mais de 3 milhões de consultas médicas em 34 especialidades, fez mais de 100 mil cirurgias, 711 mil sessões de quimioterapia e 730 mil de radioterapia. Cerca de 10 mil pessoas circulam pelo prédio do hospital por dia.
Além dos números superlativos, toda essa engrenagem funciona por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) — ou seja, os pacientes recebem tratamento 100% gratuito, depois de terem sido encaminhados pela rede pública estadual. A Central de Regulação de Vagas organiza a fila de pacientes atendidos e os direciona para o Icesp, de acordo com a complexidade do quadro. Por mês, o instituto recebe 600 novos casos, nas mais diversas áreas da oncologia. “É um desafio constante manter a instituição de pé, viva e intensa”, afirma o urologista William Nahas, presidente do Conselho Diretor do Icesp. “Travamos uma luta diária para trazer tecnologia de ponta para os nossos pacientes, além de buscar formas de integrar a parte clínica com a de pesquisa, a fim de gerar mais conhecimento.”
No ano ado, Nahas e sua equipe recorreram ao governador do Estado, Tarcísio de Freitas, para realizar um desejo antigo do hospital: funcionar com capacidade máxima. “O Estado tinha uma lista de espera de 1.250 casos oncológicos. O governador ofereceu recursos extras para a liberação de leitos que estavam fechados havia mais de dez anos, desde que a instituição aumentasse o número de atendimentos e mostrasse resultados”, explica Nahas. O pacote de investimentos fechado com o governo do Estado resultou em mais 30 leitos de internação, 15 leitos de UTI e três salas cirúrgicas. “Fizemos um cronograma gradativo. Nos primeiros três meses, foram atendidos 200 pacientes a mais por mês. Depois fomos equacionando até absorver toda a fila.” Hoje, o Icesp é responsável pelo atendimento de cerca de 10% de todos os casos oncológicos do Estado de São Paulo.
Humanização e aconchego
Quem percorre os corredores do Icesp tem certeza de que está em um hospital privado. As instalações são comparáveis aos melhores centros de saúde do país. Não é à toa que o instituto conquistou a acreditação pela t Commission International (JCI) — o mais importante órgão certificador de qualidade de instituições de saúde do mundo. A primeira acreditação ocorreu em 2014. Neste ano, o feito se repetiu pela quarta vez. “Receber a certificação da JCI coroa tudo o que o Icesp faz”, diz Joyce Chacon Fernandes, diretora-executiva do hospital. Ela explica que são mais de mil itens avaliados no processo. A cada três anos, a instituição é reavaliada para ratificar o selo de excelência. O Icesp é a única instituição do país com atendimento 100% SUS a receber o selo. “Esse reconhecimento é resultado de todo o empenho dos profissionais que atuam no Icesp para garantir a melhor assistência ao paciente”, diz Nahas. “Ao mantermos a acreditação, não só demonstramos que atendemos todos os requisitos em uma rigorosa avaliação, como também apresentamos as melhores práticas em qualidade e segurança e nos consolidamos como referência em oncologia no mundo.”
Hoje, sete em cada dez brasileiros, ou mais de 150 milhões de pessoas, dependem exclusivamente do SUS para tratamentos de saúde. Se muitos dependentes do sistema público se queixam do tempo de espera para a realização de consultas e exames e da sensação de ser tratado apenas como um “número”, no Icesp a percepção dos pacientes é outra.
Na última pesquisa de satisfação realizada com a metodologia de avaliação Net Promoter Score (NPS), o instituto obteve nota 94, o que corresponde à zona de excelência. Na prática, os pacientes atribuem nota, numa escala de 0 a 10, para medir o índice de satisfação e qualidade dos serviços prestados. Sabe aquela perguntinha que você já deve ter respondido em algum lugar: “Você indicaria o serviço para um amigo ou familiar?”. Quanto mais a nota se aproxima de 100, mais bem avaliada é a instituição. “No Icesp, existe uma preocupação em humanizar os atendimentos em todas as suas fases”, diz Nahas. “O centro foi criado nos moldes de uma filosofia de humanização e aconchego ao doente, para proporcionar um ambiente saudável e emocionalmente agradável.”
Turbinando a autoestima
Receber um diagnóstico de câncer é penoso. Em um único instante, a vida muda, o tempo congela, e um filme a pela cabeça. Ninguém sabe realmente como vai reagir à notícia. A doença é a segunda principal causa de morte no Brasil, atrás apenas dos problemas cardiovasculares. Dependendo do estágio e do tipo de câncer, o tratamento pode ser longo e repleto de incertezas. O que fazer depois de receber o diagnóstico">“A cidade dos superprédios”
Só de pensar no q os Governadores do Nordeste Gastaram no Covidão, de acordo com a Assembléia Legislativa do RN, imagino quantas pessoas deixaram de ser tratadas!
E o Perdão (indevido) do ministro q não foi aprovado para a Magistratura de SP, aos empresários da Lava Jato, a máfia dos sanguessugas!
Quantas pessoas estão deixando de ser tratadas?
E a corrupção?
E a vida nababesca de Brasília?
7 em 10 brasileiros precisando do SUS?
Que seja uma inspiração, modelo para outros Estados implantarem um hospital deste nível.
É isto o que o Brasil merece; ilhas de excelências como esta !
A saúde pública precisa ser rediscutida.
Qual a melhor opção? Cobrar impostos abusivos e fornecedor saúde ”gratuita” com péssimos atendimentos de maneira geral e um poço de corrupção, ou diminuir impostos para que cada indivíduo tenha condições de ter seu plano de saúde particular de sua livre escolha?
Tá faltando criar um Icesp desse em Brasília pra curar o câncer da política
Parabens pela reportagem e ao Governo do Estado. Justifica meu orgulho de ser Paulista e Paulistano.
Na verdade, o melhor é não dizer “Infelizmente, a excelência do trabalho desenvolvido pelo Icesp está disponível apenas para os paulistas.”, mas “Infelizmente, a excelência do trabalho desenvolvido como no Icesp não está disponível em outros estados”, pois se abrirem a todos, corremos o risco de cidades de outros estados arem a apenas comprar ambulâncias e mandar seus pacientes para cá, como acontece com o Hospital Mandaqui, onde, de cada dez ambunlâncias, nove são de fora, e a atendimento (se podemos chamar assim) é uma lástima.
Corretíssimo!
É uma felicidade saber da existência deste magnifico centro hospitalar. Como diz o Denis R. com uma gestão bem feita, o sucesso é garantido. E palmas para o governo estadual com sua atuação fundamental!
Certamente que um dos pilares de todo este sucesso é a gestão!