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Ilustração: Shutterstock
Edição 263

Deitado eternamente em terras raras

O Brasil tem o segundo maior depósito de 17 minerais fundamentais para o mundo — mas não os explora

Dagomir Marquezi
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Apesar do nome, “terras raras” não têm nada a ver com sagas literárias do tipo O Senhor dos Anéis. E não são tão raras assim. Quando foram descobertas perto de Estocolmo por um militar sueco, em 1787, deram a impressão de que seriam difíceis de serem encontradas. Na verdade, são abundantes. O mais difícil é extrair suas riquezas.

O que define as terras raras? Elas contêm um conjunto de 17 elementos químicos — lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, escândio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio. O nome mais correto para identificar essa riqueza é rare earth elements (“elementos de terras raras”), mais conhecidos pela sigla REE.

Para que servem esses 17 elementos de terras raras? Eles estão presentes em nossa vida sem que saibamos. São usados em automóveis, aviões, motores elétricos, caixas de som, monitores, para-brisas, espelhos, lentes, na gasolina e no diesel, nos celulares, televisores, computadores, lâmpadas de LED, ligas de aço, painéis solares, aparelhos a laser, na indústria petrolífera, em turbinas eólicas, e dispositivos de raio X. Em praticamente todos esses casos, a quantidade usada de cada elemento é pequena — mas fundamental.

Ilustração: Lightspring/Shutterstock

Os donos do tesouro

Apenas oito países possuem 98% das terras raras de todo o mundo. A China tem as maiores reservas, segundo dados do U.S. Mineral Commodity Summaries, edição 2024 — 44 milhões de toneladas, o equivalente a 49% do total. 

Em segundo lugar vem o Brasil, com 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% das reservas. Elas se localizam especialmente no litoral (em areias monazíticas) e em locais próximos a vulcões extintos, como Araxá e Poços de Caldas (MG), Catalão (GO) e Pitinga (AM). Mas essa estimativa aparentemente é modesta. Segundo os Serviços Geológicos dos EUA (USGS, na sigla em inglês), se devidamente pesquisadas, as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas. 

De acordo com o geólogo Miguel Martins de Souza, só a reserva na mina de Seis Lagos, no Amazonas, teria 2,9 bilhões de toneladas de REE. Se refinada, resultaria em 43,5 milhões de toneladas de elementos processados para comercialização. 

Abaixo do Brasil encontramos: 

  • 3º — Índia (7,7%)
  • 4º — Austrália (6,3%)
  • 5º — Rússia (4,2%)
  • 6º — Vietnã (3,9%)
  • 7º — Estados Unidos (2,1%)
  • 8º — Groenlândia (1,7%)

O resto do mundo detém apenas 1,9% das reservas. A posição do Brasil nesse sentido é absolutamente privilegiada. Mas entre ter o tesouro enterrado e ganhar dinheiro com ele há uma diferença.

Matéria da Brasil Mineral apresenta alguns números diferentes no levantamento de reservas:

  • 1º — China (49%)
  • 2º — Brasil (23%)
  • 3º — Índia (6,9%)
  • 4º — Austrália (6,3%)
  • 5º — Rússia (4,2%)
  • 6º — Vietnã (3,9%)
  • 7º — EUA (2,1%)
  • 8º — Groenlândia (1,7%)

O domínio chinês

Existe um consenso de que o aproveitamento industrial das terras raras exige um processo complicado de refinamento e separação dos seus 17 elementos. Os Estados Unidos eram os maiores processadores até meados da década de 1990, quando a China entrou no mercado e, na prática, criou um monopólio. Essa situação durou até 2012, quando empresas americanas e australianas quebraram essa exclusividade.

O ditador chinês Xi Jinping | Foto: Reprodução/Governo da China

Dez anos depois, um conjunto de países (EUA, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Japão e diversos países europeus) criou a Minerals Security Partnership (MSP, ou “Parceria de Segurança de Minerais”) para se contrapor ao domínio do regime comunista chinês nesse mercado.

Nesse mesmo sentido, o governo americano criou um programa de investimentos para oferecer financiamento de modo a criar uma rede segura de produção de elementos de terras raras. Países como Coreia do Norte, China, Rússia e Irã estão vetados de se beneficiarem desse programa.

Quais são os maiores refinadores dos 17 elementos de terras raras? Segundo dados de 2022, a China vem disparada em primeiro lugar, com 70% da produção mundial. Em segundo estão os EUA, com 43 mil toneladas, ou 14% da produção. Em terceiro, a Austrália, que dá conta de 6% do refino. E em quarto está a miserável Myanmar, com 4% do mercado.

Em 2024, esse mercado global era calculado em US$ 6,37 bilhões. Em 2032, deverá chegar a US$ 10,21 bilhões, conforme dados do Market Research Future. 

E o Brasil nisso">“Morando no futuro”

12 comentários
  1. A-DDS
    A-DDS

    Enquanto a corja que “governa”o Brasil estiver no poder, nada que é bom irá acontecer.

  2. Luiz Fraga
    Luiz Fraga

    Qual “Brasil vai vencer?!” Tem gente que ainda fica se perguntando se o “Brasil vai dar certo”. O Brasil já deu errado. O aparelho estatal, mídia, universidades, meio cultural, até a Igreja; tá “tudo dominado”. O estamento retrógrado e patrimonialista se locupletou com o comunismo e com as ORCRIM. Brasil, agora: só intervenção divina…

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Ótimo assunto. Esta região no norte de Goiás é rica, deveria ser outro nível as cidades ao seu redor, bem como tantas outras regiões pelo país. Para isto, precisamos nos livrar desta corja de comunistas que se alocaram bem pertinho dali, em Brasília. Esta infeliz criação no meio do nada que só serviu e serve para deixar os “poderosos” blindados.

  4. Marcelo DANTON Silva
    Marcelo DANTON Silva

    Chega de tergiversar com essas manifestações, essa verborragia da direita para com essa esquerdalha…chega de colocar a esperança em Trump…ele está assoberbado com A SUA GRANDE NAÇÃO…O BOSTIL e seus bostileiros covardes…são prioridades ZERO pro MAGA!
    Fala sério! Se vcs fossem de outro países…vcs se importariam com esse BOSTIL???
    Povo covardemente abobado. Sonso e subserviente povo que clama sempre por dó e atenção dos outros para seus problemas com corrupção

  5. Marcelo DANTON Silva
    Marcelo DANTON Silva

    Cadê o Cabo e o Soldado!?!
    É atualmente a única solução…até quando vão dar chance a essa escória que há 40 anos rouba sem dó o atual narcotráfico estatal bostileiro!?!
    Cabo e soldado já! Não resta outra opção!

  6. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Enquanto tiver esses bandidos comunistas ladrões narcotraficantes no poder o Brasil não vai investir na produção industrial e tecnologia, porque esses ladrões só pensa em roubar e mais nada

  7. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Enquanto tiver esses bandidos comunistas ladrões narcotraficantes no poder o Brasil não vai investir na produção industrial e tecnologia, porque esses ladrões só pensa em roubar e mais nada

  8. Ostilio dos Santos
    Ostilio dos Santos

    Na verdade chega a ser desalentador ver a infinidade de artigos sobre terras raras sempre replicando informações já há muito superadas.
    Não. As reservas brasileiras são muito superiores as 21 milhões de toneladas. Estas 21 MT são em sua maioria os depósitos em Minas Gerais (sobretudo rejeito de nióbio) em Araxá e outras.
    Existem depósitos como gigantes em Catalão, Minaçu Goiás , Poços de Caldas , Seis Lagos etc que superam as reservas da China.
    E sim, o Brasil pouco explora, mas há inúmeras mineradoras com projetos avançados.

  9. José Sergio do Amaral Mello Filho
    José Sergio do Amaral Mello Filho

    Parabéns, Dagomir por esse interessante atigo

  10. José Sergio do Amaral Mello Filho
    José Sergio do Amaral Mello Filho

    Parabéns, Dagomir por esse interessante atigo

    1. Cícero Ruggiero
      Cícero Ruggiero

      Vencerá é obvio o Brasil atrasado, burocrático, retrogrado, explorando ou não as tais terras raras. Pois, caso alguém explore será a Novonor ou os Irmãos Batista da JBS, e os dividendos irão para o bolso do narcoestado, juízes, políticos amigos e parentes e para amigo do amigo do meu pai. Para o povo, só impostos.

  11. José Sergio do Amaral Mello Filho
    José Sergio do Amaral Mello Filho

    Parabéns, Dagomir por esse interessante atigo

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