Em 2008, Marina Silva deixou o Ministério do Meio Ambiente depois de ser escanteada pelo próprio governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Inauguração de hidrelétricas, avanço da soja e lançamento do Plano Amazônia Sustentável ocorreram sem sua participação e evidenciaram o enfraquecimento de sua influência. Quase duas décadas depois, o enredo se repete: Marina voltou ao comando da pasta, mas está novamente isolada. E, desta vez, cercada por números alarmantes, conflitos internos e um secretariado mais político que técnico.
No segundo ano do atual mandato petista, os gastos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima com viagens oficiais atingiram níveis inéditos: cerca de R$ 120 milhões com agens, hospedagens e transporte. Foi um salto de quase 500% em relação a 2020, durante o segundo ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), que destinou R$ 20 milhões para o mesmo fim.
Boa parte dessas cifras foi movimentada pelo secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco, que deveria ocupar um papel técnico e central na gestão. Mas ou 2024 inteiro em trânsito: foram 27 viagens em 12 meses, para oito destinos diferentes. A ausência prolongada foi tamanha que o governo criou um novo posto — o de secretário-executivo adjunto — apenas para garantir presença física no ministério.
Sem diálogo
Enquanto Capobianco voa, Marina se desgasta. Em nova disputa com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ela tentou barrar a oferta de blocos de petróleo na Bacia Potiguar, região ambientalmente sensível próxima a Fernando de Noronha. Mas, mesmo com parecer técnico contrário do próprio Meio Ambiente, Silveira seguiu adiante. Internamente, fontes do ministério afirmam que Marina virou um “empecilho” para os planos de desenvolvimento acelerado do governo. “Ela ainda tem prestígio internacional, mas isso impede decisões internas que desagradam setores econômicos”, afirmou, sob anonimato, um servidor de carreira do Ministério.

A atuação da ministra enfrenta críticas até mesmo dentro da pasta. Técnicos apontam a criação de áreas de conservação sem diálogo com comunidades locais, além de um orçamento insuficiente até para cobrir as despesas operacionais do Ibama e do ICMBio. Outro ponto de tensão é a presença de consultores pagos por ONGs internacionais, que, segundo denúncias, atuam como servidores públicos, com crachás, baias e ordens diretas. A disputa pelo comando da Autoridade Climática, órgão que Marina deseja sob sua alçada, evidencia o ime. O restante do governo resiste. “Estão empurrando essa decisão para depois da COP30, em Belém”, relata a fonte. Há especulações de que Marina pode deixar o ministério em breve para assumir esse novo cargo — mas fora da estrutura atual.
‘Mero simbolismo’
A crítica mais contundente parte de quem já ocupou o cargo. Para Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, o atual governo pratica “ambientalismo de palanque”. Ele aponta promessas sem execução e acusa Marina de silêncio diante da tentativa de revogar o marco do saneamento. “Mero simbolismo”, comentou Salles. “O governo gostaria que ela saísse, mas o desgaste na esquerda seria grande.”
Sobre a transição energética, Salles foi categórico: “Eles não têm nenhum compromisso, até porque dificultam ao máximo o licenciamento de obras como fotovoltaicas, eólicas e aumento da capacidade de reservação hídrica”.
A devastação cresce
Os dados reforçam a retórica. No Cerrado, o desmatamento acumulado nos dois primeiros anos de Lula superou o mesmo período da gestão Bolsonaro. Em 2023, foram destruídos quase 8 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa e, em 2024, quase 6 mil quilômetros quadrados. No mesmo intervalo da istração anterior, os números foram menores: pouco menos de 5 mil quilômetros quadrados em 2019 e quase 4,5 mil em 2020. Embora o ritmo tenha caído entre o primeiro e o segundo ano do atual governo, os alertas de desmatamento dispararam: chegaram a 17 mil quilômetros quadrados em 2024 — o maior número já registrado na série histórica. As queimadas também explodiram. Nos dois primeiros meses de 2025, o fogo destruiu 806 mil hectares em todo o país. Desse total, a Amazônia perdeu 89 mil hectares, o Cerrado, 22 mil, e o restante se concentrou no Pantanal, que voltou a arder em proporções catastróficas.
Em 2023, os focos de incêndio explodiram. Aumentaram quase 900% em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), compilados pela WWF-Brasil. No ano seguinte, a situação piorou ainda mais. Em 2024, as chamas consumiram quase 3 milhões de hectares — o equivalente a 17% de todo o bioma do Pantanal.
Nos dois anos anteriores, ainda sob o governo Bolsonaro, o cenário era menos severo. Em 2021 e 2022, a área total queimada foi inferior a 700 mil hectares — quase quatro vezes menor que a devastação registrada em 2024. O contraste escancara uma contradição central: enquanto o governo Lula multiplica discursos em defesa da pauta ambiental, os dados apontam um avanço acelerado da destruição.

Caminho aberto para a devastação total
Na Amazônia Legal, a degradação florestal explodiu neste ano. Entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, foram quase 34 mil quilômetros quadrados de vegetação degradada — o maior índice já registrado desde o início da série histórica. O salto representa um aumento de cerca de 500% em relação ao ciclo anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, quando o total havia sido de quase 6 mil quilômetros quadrados. Os números expõem o enfraquecimento das ações de fiscalização do atual governo. O dado consta no Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon. Esse tipo de degradação resulta, sobretudo, de queimadas e extração de madeira. As ações fragilizam a vegetação, empobrecem o solo e abrem caminho para o desmatamento total. A área atingida equivale quase ao território de Porto Velho, capital de Rondônia.
O mês de fevereiro, sozinho, também bateu recorde. Foram mais de 200 quilômetros quadrados degradados — um aumento de mais de 1.400% em relação ao mesmo mês de 2024. O Pará concentrou 75% da área destruída. O Maranhão, 14%. Entre os municípios mais afetados, sete estão no Pará, e dois, no Maranhão.

A degradação se distingue do desmatamento total pelo impacto e pela possibilidade de recuperação. Quando a floresta perde parte da cobertura, ainda existe chance de regeneração. Já o desmatamento elimina toda a vegetação e torna o processo irreversível no curto e no médio prazo. Na prática, a degradação funciona como uma etapa preparatória. Áreas já enfraquecidas viram alvo fácil da derrubada definitiva. A devastação silenciosa avança, enquanto Marina perde força. E Capobianco percorre o mundo em nome de uma política ambiental que, no campo, virou ficção.
Retórica internacional, colapso doméstico
Apesar da pior seca das últimas décadas, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o governo Lula segue promovendo sua imagem “sustentável” no exterior — enquanto falha em conter o colapso ambiental dentro de casa. A retórica internacional não encontra respaldo na gestão interna. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima se tornou cenário de disputas políticas, desorganização técnica e gastos excessivos. A política ambiental do governo Lula segue sem rumo, sem atos concretos e com um discurso cada vez mais incompatível com a realidade.
No papel, o Brasil lidera a agenda verde. Na prática, lidera o retrocesso.
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O negócio da Marina Silva é se fazer de vítima mundo agora, para se perpetuar em ONGs e encontros na Europa. Quer discutir os problemas da região amazônica tomando cafezinho em Paris. O povo acreano, seu estado, já descobriu isto, tanto que ela teve de se candidatar em São Paulo nos puxadinhos que ajudou a criar regados de farta verba pública.
Quem é pior Marina ou o governo ou o STF? Todos são iguais as leis da natureza porque elas não têm retórica
Entre agosto de 2024 e julho de 2025, foram quase 34 mil quilômetros quadrados de vegetação degradada — o maior índice já registrado desde o início da série histórica.
Ainda estamos em abril de 2025. Portanto, entendo haver um equívoco nos registros.
Marina Silva, nunca foi uma.ministra técnica em sua área de atuação. Apenas ideologia atrasada,não leva a lugar algum, fala absurdos em encontros ambientais no exterior. A degradação da Amazônia é evidente em seu governo, fala-se até em racismo ambiental, mas o governo Lula é assim mesmo, nunca fez boas escolhas em seus ministérios. Essa senhora não sabe mais nem o que fala.Mas esse governo é da companheirada, muito dinheiro e zero de trabalho.