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Kneecap causa controvérsia ao exaltar figuras ligadas ao Hamas | Foto: Reprodução/X
Edição 267

A podridão no cerne da israelofobia

Dois artistas do hip-hop muito diferentes estão unidos pelo mais puro racismo antissemita

Brendan O'Neill, da Spiked
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Em termos objetivos, qual é a diferença entre Kanye West elogiando Hitler e o Kneecap dizendo “viva o Hamas”? Ambos são exemplos de rappers exaltando assassinos de judeus, não? Kanye prefere o veterano do fascismo assassino, chegando ao ponto de postar uma foto de Hitler ao lado do emoji de cabra, que em inglês é “goat“, que também pode ler lido como sigla para “greatest of all time” — ou seja, Hitler foi “o maior de todos os tempos”. Os membros do Kneecap, por sua vez, parecem ter uma queda pelo fascismo com um toque islâmico. “Viva o Hamas!”, eles gritaram em um show em Londres, apenas um ano depois de o Hamas ter cometido o pior massacre antissemita desde a era do herói de Kanye.

Kanye se aconchega ao homem que supervisionou o crime mais grave do século 20; o Kneecap exalta o exército de antissemitas responsável pelo pior ato de ódio racial violento do século 21 até agora. Kanye ira o ditador que autorizou a queima em escala industrial de 6 milhões de judeus; o Kneecap ira a milícia neofascista que destruiu mais de mil vidas, na maioria judeus, em 7 de outubro de 2023. Dois artistas do hip-hop muito diferentes unidos por um fascínio sombrio por canalhas que matam judeus.

Mas a pergunta é: enquanto condena Kanye, a esquerda woke elogia o Kneecap. Ela denuncia a adoração de Kanye por Hitler como evidência de uma mente perturbada, mas defende o flerte aberto do Kneecap com os fascistas do Hamas como uma postura corajosa contra o “imperialismo”. Não poderia haver uma prova melhor de que o ódio por Israel, que está na moda, fritou as mentes e destruiu a sensibilidade moral daqueles que se apresentam como progressistas. O fato de os burgueses mimados de Londres terem dançado em êxtase enquanto o Kneecap elogiava os assassinos racistas de israelenses é a crise da civilização destilada.

Enquanto critica Kanye por exaltar Hitler, a esquerda woke aplaude o Kneecap por elogiar o Hamas — prova de uma sensibilidade moral seletiva e colapsada | Foto: Shutterstock

O Kneecap é um trio de rap de Belfast, na Irlanda do Norte. São jovens atores fazendo cosplay de rebeldes irlandeses. Um deles tem 35 anos e usa uma balaclava tricolor. Eles cantam sobre usar cetamina e odiar os “britânicos”, o que deixa os idiotas de Shoreditch e outros esnobes empolgados, enquanto irrita figuras como o Daily Mail. E eles realmente odeiam Israel. Claro que odeiam. De que outra forma você vai manter uma boa relação com o Guardian, BAFTA e com todos os outros cretinos influentes que usam keffiyeh, se não propagando a israelofobia que é absolutamente obrigatória nesses círculos?

Aplausos a uma milícia de assassinos

O Kneecap voltou às manchetes no mês ado depois da sua apresentação no Coachella, o festival de música no Deserto da Califórnia amado por garotos brancos e ricos que confundem declarar seus pronomes com ter uma personalidade. Eles levaram os fãs a uma febre de falso radicalismo fazendo-os entoar “Fuck Israel” [F***-se, Israel]. Não houve um sussurro sequer de solidariedade aos 378 jovens massacrados por uma milícia racista em outro festival de música em um deserto apenas 18 meses antes: o festival Nova. Bom, eram apenas israelenses e, como diz o Kneecap: “F***-se Israel”.

Momento capturado por um telespectador durante o show do Kneecap no Coachella (18/4/2025) | Foto: Reprodução/X

É algo extremamente impiedoso que garotos ricos e mimados dos EUA não digam nada sobre os jovens do Nova, que eram iguais a eles e foram mortos pelo “crime” de serem judeus. É o mais profundo fracasso da humanidade de que me lembro. Em vez disso, sob o comando de rappers celebrados que repetem todos os clichês burgueses por trás de suas ridículas balaclavas de tricô, eles gritaram “F***-se Israel”. Imagine ser um sobrevivente do ataque ao Nova e ver outros frequentadores de festival no Coachella se comportando assim — é enlouquecedor.

Depois do Coachella, as pessoas estão descobrindo que o Kneecap não odeia apenas Israel, eles também iram seus inimigos fascistas. No dia seguinte ao ataque de 7 de outubro, o grupo publicou uma foto em que estão sorrindo de orelha a orelha com os dizeres “Solidariedade com a luta palestina”. Foi tão grosseiro quanto alguém dizer “Solidariedade com a luta alemã” após a Noite dos Cristais. Um deles, o idiota da balaclava tricolor, posou com uma cópia dos discursos compilados de Hassan Nasrallah, o falecido líder do Hezbollah, um notório antissemita. E eles já fizeram seu público cantar “Ooh-ahh-Hezbollah!”.

Recentemente veio à tona que, em um show em Londres em novembro do ano ado, eles exibiram a bandeira do Hezbollah e gritaram: “Viva o Hamas, viva o Hezbollah!”. A multidão rugiu em aprovação. Esse seria um público composto principalmente de “progressistas” de classe média que se consideram antifascistas. No entanto, lá estavam eles aplaudindo uma milícia fundada para ass judeus (Hamas) e um movimento que chama a presença judaica no Oriente Médio de “tumor maligno” que “precisa ser destruído” (Hezbollah). Qualquer judeu que sobreviva à nossa gloriosa destruição “pode voltar para a Alemanha ou para o lugar de onde veio”, diz o Hezbollah.

Em show em Londres, o Kneecap exaltou Hamas e Hezbollah diante de uma plateia dita progressista, que aplaudiu grupos conhecidos por discurso antissemita e apelos à destruição de Israel | Foto: Shutterstock

Subindo nos cadáveres da Irlanda

É disto que o Kneecap está falando — de terroristas que têm o sonho genocida de expulsar os judeus de sua pátria. Eis a nova subcultura: antifascistas a favor do fascismo. Antes os músicos “faziam rock contra o racismo”; agora fazem rock para exércitos racistas que estupram e matam judeus. O flerte do Kneecap com os símbolos do Hamas e do Hezbollah expõe a podridão no cerne da israelofobia. E confirma que o que se apresenta como um movimento antiguerra é, na verdade, um movimento anticivilizatório — um alinhamento com a histeria islâmica nascido de um sentimento blasé de distanciamento e desprezo pela própria sociedade. Eles dizem: “F***-se Israel”, mas o que querem dizer é: “F***-se o Ocidente, f***-se tudo, f***-se você”.

O Kneecap foi denunciado para a polícia antiterrorismo por causa do grito “Viva o Hamas, viva o Hezbollah”. Isso está errado, profundamente errado. As únicas pessoas que vão se beneficiar com essa incidente autoritária são o próprio Kneecap. Não consigo explicar quanto esses rebeldes de mentira vão ficar entusiasmados com a notícia de que “os britânicos” os estão investigando. Por fim, um elemento de perigo foi injetado em seu projeto insípido de falsa rebelião que é celebrado por todos os chatos do establishment cultural. O problema muito sério dos jovens ocidentais que simpatizam com a barbárie não pode ser resolvido com censura. Em vez de fazer mártires do Kneecap, deveríamos deixá-los continuar expondo o ódio que está no cerne da animosidade anti-Israel.

Integrantes do Hezbollah no Líbano, com a bandeira do grupo terrorista
Ao gritar “Viva o Hezbollah”, o Kneecap expôs a simpatia de parte da juventude ocidental por um grupo que prega o extermínio de judeus, algo que não se resolve com censura, mas com exposição | Foto: Divulgação/IDF

O Kneecap me faz ter vergonha de ser irlandês. Eles personificam a autocomiseração superficial e a vitimização da moda das elites culturais da Irlanda. “Nos solidarizamos com a Palestina porque sabemos o que é sofrer a opressão colonial”, gritam essas pessoas. Elas exploram o sofrimento histórico da Irlanda para criar uma personalidade para si mesmas no século 21. E sobem nos cadáveres da Irlanda para anunciar sua virtude para o mundo. São pessoas que se aproveitam dos fantasmas da Grande Fome com a finalidade narcisista de aumentar seu próprio poder cultural no debate contemporâneo. Isso pode fazer as garotas ricas do Coachella e dos bairros luxuosos de Londres gritarem de alegria, mas induz a pura vergonha em todos os irlandeses que se prezam.


Brendan O’Neill é repórter-chefe de política da Spiked e apresentador do podcast da Spiked, The Brendan O’Neill Show. Seu novo livro, After the Pogrom: 7 October, Israel and the Crisis of Civilisation, foi lançado em 2024. Brendan está no Instagram: @burntoakboy

Leia também “O culto a Adolescência está fora de controle”

8 comentários
  1. Julio José Pinto Eira Velha
    Julio José Pinto Eira Velha

    Por que esse idiotas tão machões não se unem aos grupos terroristas para participar de seus ataques, simplesmente porque são covardes.

  2. Roberto Lopes Bezerra
    Roberto Lopes Bezerra

    Desculpa a sinceridade mas se não tivessem divulgado esse lixo eu não teria sabido da existência!

  3. Vitor Hugo Stepansky
    Vitor Hugo Stepansky

    Nelson Rodrigues nunca esteve tão atual ” OS IDIOTAS VÃO DOMINAR O MUNDO, NÃO POR SUA CAPACIDADE MAS POR SUA QUANTIDADE, ELES SÃO MUITOS “. O PERIGO são esses IDIOTAS DO MAL influenciando crianças e adolescentes. Na época da minha infância quando anoitecia a mãe vinha chamar para tomar banho e ficar dentro de casa. Peladas de futebol, carrinho de rolimã, bicicleta, jogo de taco, bolas de gude campeonatos de jogo de botão…. Hoje dão um CELULAR de última geração para as crianças ficarem em casa e é aí que mora o perigo. Os Felipe Netos andam a solta por aí

  4. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Como tem idiota neste mundo. Só retardados mentais para defenderem a “causa palestina”.

  5. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Esse povo sabe nem onde está, deve tá tudo regado a farta droga na mente.

  6. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Não é culto a inteligência desses jovens é culto a burrice. Esse comunismo consegue deixar essas pessoas loucas em apoiar terrorismo

  7. Otacílio Cordeiro Da Silva
    Otacílio Cordeiro Da Silva

    Todos odeiam Israel, mas ninguém se dispõe a ficar na pontaria de Israel. Acabou o show… é a volta pra casa. Bem cômodo isso, não?

  8. Jorge Fernandes
    Jorge Fernandes

    Juventude estúpida e manipulada …

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