Em 2011, Carlos Lupi, então ministro do Trabalho de Dilma Rousseff — cargo que já exercia no governo Lula —, perdeu o emprego, enrolado em numerosos escândalos. As patifarias incluíam a liberação de recursos para ONGs em troca de propinas. Também se descobriu que Lupi praticava o milagre da onipresença. Durante cinco anos, ele ocupou ao mesmo tempo dois cargos separados por quase 1,2 mil quilômetros. Fora simultaneamente assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília, e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
ados quase 15 anos, novamente ministro de Lula, Carlos Lupi reapareceu nas páginas político-policiais a bordo de mais um escândalo: o sumiço de R$ 6,3 bilhões, arrancados de ao menos 6 milhões de aposentados e pensionistas, que eram descontados direto na folha de pagamento. Na reportagem de capa, Silvio Navarro conta que os criminosos selecionaram vítimas preferenciais: moradores de áreas rurais (com dificuldade para ar a internet ou que viviam longe de postos da Previdência Social), além de deficientes físicos e analfabetos.
Navarro, que morou em Brasília entre 2004 e 2008, armazena na memória excepcional incontáveis informações sobre a história política recente do país. Nas reuniões de pauta que ocorrem às segundas-feiras, é capaz de citar de cor extensas listas de parlamentares envolvidos em alguma espécie de escândalo. Autor do livro Celso Daniel: Política, Corrupção e Morte no Coração do PT, por exemplo, ele conhece como pouquíssimos profissionais o modus operandi do partido comandado por Lula.
Desde 2023, nessa mesma escola de Navarro vem se formando o repórter especial Cristyan Costa, que acompanha o dia a dia da capital federal para Oeste. Aos 29 anos, ele já é o maior especialista da imprensa brasileira nos conflitos do 8 de janeiro e suas consequências. Apegado a hábitos, modos e valores cultivados por veteranos, prefere andar com os amigos, e não com colegas de profissão, não perde um único evento que possa render uma boa reportagem e, surpreendido com fatos inesperados, interrompe qualquer descanso para retomar o trabalho.
Nesta edição, Costa detalha a vida dos presos na manifestação em Brasília que aceitaram o acordo de não persecução penal oferecido pela Procuradoria-Geral da República. Nesse caso, “acordo” é codinome de “extorsão”. Mesmo que sejam inocentes, os “beneficiados” têm de confessar a autoria dos crimes de que são acusados, pagar uma multa de R$ 5 mil, prestar serviços comunitários e fazer um curso de democracia. Em tese, isso lhes garante a completa liberdade. A realidade, contudo, colide com a teoria.
Essa é uma das provas de que o Brasil vive hoje o que J.R. Guzzo chama de “ditadura meia-boca”. Não tem coragem para ser uma Coreia do Norte ou Cuba, mas, para grande parte dos efeitos práticos, funciona como ditadura. “Quem manda não aparece como o clássico Hitler, Fidel Castro ou Luís XV de escola de samba”, compara Guzzo. “É uma espécie de ‘coletivo’ de magistrados que não foi eleito por ninguém, como um conselho de pajés de alguma tribo primitiva que morre de medo deles”. Uma ditadura que só consegue amarrar o país “porque tem diante de si a classe política mais covarde que já se viu por aqui desde o governador-geral Tomé de Sousa”.
Esse tipo de político aceita ivamente interferências ilegais do Supremo nas suas atribuições. Ou assiste calado ao julgamento pelo STF de brasileiros sem foro privilegiado ou à condenação de uma mulher a 14 anos de prisão por escrever “perdeu, mané” com batom numa estátua. Baixa a cabeça diante da libertação de corruptos ou traficantes e da prisão de brasileiros inocentes. Não abre a boca, mesmo quando um juiz resolve julgar um caso no qual também é a vítima. Acha natural transformar batom em “substância inflamável”. E finge acreditar que uma manifestação que tinha como arma das mais perigosas um estilingue foi uma tentativa de golpe de Estado. Fora o resto.
Assim o Brasil segue, como resume o título do artigo de Alexandre Garcia: “De exceção em exceção”. Essa espécie de rota jamais levou ao porto seguro.
Boa leitura.
Branca Nunes,
Diretora de Redação

OESTE-a melhor leitura da semana! Parabens aos editores!
Grande revista! Acabei de a oeste! Espero agora receber o livro
Como não ler avidamente toda a revista depois dessa CARTA AO LEITOR?
Excelente. Sou irador do Silvio Navarro, e realmente o Cristyan tem este caminho a seguir produzindo grandes conteudos
Obrigado pela liberação em áudio. Branca Nunes é ótimacom.
Respondam
Respindam por favor
Pq vcs retiram o áudio do editorial ?????????
Lembremos todos os choques q já tivemos nos governos do PT: Mensalão; petrolao; dinheiro na mala; dinheiro na cueca; dinheiro no apartamento; jogos olímpicos; julgamento da Dilma q não perdeu direitos políticos; condenação e descondenacao de Lula; Lava Jato; soltura do Sérgio Cabral e similares ( volta ao poder de muitos); soltura de traficantes; situação do RJ; e tantos casos mais. É um sem fim de desenganos e decepções para nos todos q temos q trabalhar para sustentar tudo isso, com pouco ou nada de atenção do governo. Deprimente e destrutivo para todos nós.
Bom dia.
Na corrupção o pt é organizado.
Começou com a Rose Noronha…
O parlamento não se submete aos desmandos de STF, ele faz parte de toda corja de bandidos ladrões comunistas narcotraficantes terroristas genocidas que estão no poder
Parabéns Branca, sempre leio seu editorial. Um resumo perfeito de uma Revista perfeita, só excelência e um marco irreversível para o jornalismo Brasileiro.
Muito bom, mais uma vez, Dona Branca. Gosto de ler o editorial para já me aprontar para a leitura aos sábados e domingos dos textos maravilhosos produzidos por gente competente, de visão e conhecimento, além da capacitação em dizer a verdade.
O Brasil está de dar medo. Sem Justiça, a nação é um transatlântico à deriva. A capa de Oeste mostra, pelos 2 personagens, que o comandante da embarcação e um de seus marinheiros são tão feios, tão feios que estamos dentro do navio de um filme de terror. Se a gente topa com um deles no escuro do convés, a gente sai correndo, gritando e pula no mar.Os lobisomens não fazem parte do folclore, são reais aqui.