— Estou te achando triste.
— Impressão sua.
— Tem certeza? Te conheço bem.
— Nem eu me conheço bem.
— Falando sério. Nunca te vi assim.
— Será que não é você que tá triste e projetou em mim?
— Realmente não estou no melhor momento, mas estou vendo seu olhar perdido. O que aconteceu?
— Ok. Vou me abrir com você.

— Estou aqui pra isso.
— Foi o INSS.
— O que houve?
— Fizeram comigo uma coisa que não se faz.
— Pode se abrir, você sabe que eu sou um túmulo.
— Foi justamente aí que começou o problema.
— No túmulo?
— Não exatamente no túmulo. No caminho pra ele.
— Como assim? Achei que você estivesse bem de saúde.
— Estou.
— Então que história é essa?
— Todos nós caminhamos para o túmulo. Mas o INSS começou a atrapalhar o meu caminho.
— Que papo de maluco. Explica isso direito.
— A minha aposentadoria mal dá pra comer. Mas eu sei que outras pessoas precisam mais que eu.
— Que outras pessoas?
— Os burocratas do INSS.
— Você está preocupado com os burocratas do INSS?!
— Não. Estou preocupado com os burocratas do INSS e com os padrinhos deles.
— Que padrinhos? Quem são esses padrinhos? Isso não faz o menor sentido.
— Pra mim faz. É um compromisso cívico.
— Compromisso cívico com quem? PT? PDT?
— Aí você acrescentou o aspecto afetivo.
— Ok. E quem está ferindo o seu compromisso cívico e afetivo?
— O INSS.
— De que forma?
— Estou há meses esperando que eles atendam uma solicitação minha e nada.
— Que solicitação?
— Pedi um desconto extra.
— Desconto?! Mas você disse que a sua aposentadoria mal cobre a sua alimentação!
— E daí? Você ouviu falar que foram feitos descontos extras acima de R$ 6 bilhões?
— Ouvi.
— Então: desse dinheiro todo, nem um centavo foi meu!

— Foi “seu”, não. Nem um centavo foi roubado de você, certo?
— Você pensa pequeno. Chamar contribuição cívica de roubo é típico dos egoístas.
— Péra lá, eu estou te defendendo!
— Não tá, não. Quer me defender de verdade? Consegue um contato no INSS pra eles atenderem o meu pedido.
— De desconto na sua aposentadoria.
— Exatamente. Mas não me venha com valor irrisório.
— Tá bom. Se é isso que você deseja…
— Muito obrigado!
— Nossa, finalmente um sorriso no seu rosto.
— Claro. Você me encheu de esperança.
— É a última que morre.
— Nem sempre. Vai depender do tamanho do desconto.
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Esse INSS é uma festa, onde o ”contribuinte” paga a conta sem usufruir. Sesc, Senai, Incra,… são tantas que entidades que comem um pedacinho que no final não sobra nada…
Que país é esse? Estamos na berlinda.
Parafraseando o genial Cazuza … O AMOR FEZ DO MEU PAÍS UM IMENSO PUTEIRO … ah sou uma das vítimas e vou contratar o filho do ministro Levandowsky para processar o INSS.
Show Fiuza. Parabéns.