Nesta quinta-feira, 8 de maio de 2025, a Praça de São Pedro, no Vaticano, vibrou com a proclamação que milhões de católicos aguardavam: “Habemus Papam!” — temos um papa!
O cardeal Robert Prevost, nascido em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois, estava na seleta lista de apostas para suceder o papa Francisco após seu falecimento, no final do mês ado. No entanto, algumas reportagens sugeriam que o fato de ele ser americano poderia, na verdade, ser um fator negativo, em razão de preocupações de que os Estados Unidos pudessem exercer ainda mais sua influência geopolítica por meio do líder religioso. Prevost, um agostiniano de 69 anos, adotou o nome Leão XIV e é o primeiro americano a assumir o posto de líder da Igreja Católica.

Com representantes de todos os continentes, o grupo de cardeais que elegeu o novo papa refletiu a universalidade da Igreja, mas também a dificuldade de prever o resultado. Após três escrutínios sem sucesso, o quarto, na manhã de 8 de maio, produziu a fumaça branca, sinalizando a eleição de Prevost com a maioria necessária de dois terços. Em meu último artigo de 2024 aqui em Oeste, para a matéria de capa escrevi sobre o renascimento do catolicismo nos Estados Unidos, fato que influenciou a eleição que deu a grandiosa vitória a Donald Trump. Seria esse movimento histórico na América um anúncio do que aconteceu na Itália?
Depois que a fumaça branca se dissipou e Leão XIV fez seu primeiro pronunciamento como papa, as redes sociais acenderam debates polarizados: ele é conservador? Progressista? Seguirá o legado de João Paulo II, Bento XVI ou Francisco? Bem, só o tempo dirá com exatidão, mas a verdade é que Leão XIV resiste a rótulos simplistas. Americano e com raízes profundas no Peru, ele tem uma vida marcada pelo serviço missionário e combina tradição e sensibilidade pastoral, refletindo a complexidade do 1,4 bilhão de fiéis da Igreja.
Leão XIV desafia categorias ideológicas com suas convicções. Ele é fervorosamente contra o aborto, defendendo a santidade do nascituro em homilias, documentos e ações. Como bispo no Peru, opôs-se a políticas que enfraquecem esse princípio, ganhando apoio de tradicionalistas. Contudo, critica abertamente as políticas de imigração de Donald Trump: “As fronteiras não podem ser muros que esmagam a dignidade dos desesperados”, declarou em 2023, ecoando o discurso de Francisco pelos imigrantes — mas sem citar os problemas nos países de origem desses refugiados que fazem com que famílias inteiras abandonem sua terra natal.
Essa dualidade frustra quem busca enquadrá-lo. Seu zelo pró-vida entusiasma conservadores, mas sua defesa de políticas migratórias menos rígidas desafia suas expectativas. Já progressistas celebram sua empatia, mas hesitam diante de sua firmeza em questões de vida. Leão XIV parece priorizar princípios acima de políticas, emergindo como um pastor que busca curar divisões, não alimentá-las.
A independência de Leão XIV brilha em sua absoluta rejeição à ideologia de gênero e à política de identidade. No Peru, ele se opôs enfaticamente à inclusão desses temas nos currículos escolares, argumentando que essa agenda “cria gêneros que não existem” e reduzem pessoas a rótulos divisivos: “Somos todos filhos de Deus, não categorias para nos opormos uns aos outros”, afirmou em 2019. Em um discurso em 2012, ele criticou a mídia ocidental e a cultura popular por promoverem a simpatia por crenças e práticas em desacordo com o Evangelho, condenando os estilos de vida homossexuais e as chamadas “famílias alternativas”. O novo papa também reafirmou a impossibilidade da ordenação feminina, alinhando-se à doutrina tradicional. Essas posições ressoam com fiéis exaustos pelas guerras culturais, posicionando-o como um unificador que busca a verdade na humanidade compartilhada.
Um retorno à tradição
Ao aparecer na varanda do Vaticano, Leão XIV usou a mozzetta e a cruz peitoral tradicionais, abandonadas por Francisco, que alegara optar “pela simplicidade”. O gesto provocou especulações: seria um sinal de retorno à tradição? Para muitos, evocou a majestade de pontífices ados, sugerindo um desejo de ancorar a Igreja em sua herança atemporal.

Sua escolha pelo nome Leão XIV, anunciada no dia ligado a São Miguel Arcanjo, parece carregada de simbolismo. Leão XIII, inspirado por uma visão de demônios atacando a Igreja, criou a Oração a São Miguel, que hoje é dita após o término de muitas missas pelo mundo. Leão XIV parece preparado para um combate espiritual semelhante, reafirmando a promessa de Cristo quando disse em seu discurso: “As portas do inferno não prevalecerão”.
Sua reputação como matemático e habilidoso é providencial em meio à crise financeira do Vaticano. Sua sensibilidade litúrgica e doutrinária, evidente na restauração das vestes papais, reforça o papado como um exercício visível do ministério petrino, conectando a Igreja ao seu legado histórico.
Senza paura — ‘sem medo’
Em seu primeiro breve discurso, Leão XIV pincelou palavras do ado com imenso significado para os católicos e proclamou: “Senza paura [‘sem medo’], caminhemos juntos na fé e no amor”, ecoando o “Non abbiate paura” (“Não tenhais medo”) de João Paulo II — um chamado à coragem em um mundo dividido, sem fé e, muitas vezes, comandado pela espiral de silêncio e perseguições religiosas. Ele exortou os católicos a superarem divisões, uma mensagem que parece mirar os debates nas redes sociais sobre sua identidade: “Convosco sou cristão, mas para vós sou pastor [“bispo”]”, declarou, sinalizando uma liderança firme, mas comiva. Sua voz ressoa como um farol, convidando a Igreja a ser uma ponte entre o Evangelho e a vida cotidiana, como fez João Paulo II durante os 26 anos de seu papado.
Os primeiros dias de Leão XIV sugerem um papado que desafiará suposições. Ele não é um conservador inflamado nem um reformador progressista, mas um líder que parece buscar equilíbrio enraizado na tradição, mas atento aos clamores do mundo. Sua paixão pró-vida, defesa dos imigrantes, rejeição de ideologias divisivas e abraço da herança papal pintam o retrato de um pontífice que une em vez de separar. Diante de desafios como finanças frágeis, declínio do Cristianismo no Ocidente, debates internos e falsas doutrinas, seu “senza paura” , mesmo dito com a voz macia de um pai acolhedor, é um grito de guerra espiritual.
Em um mundo obcecado por rótulos, Leão XIV convida a Igreja a transcender divisões. A questão não é se ele é conservador ou progressista, mas se podemos abraçar uma fé que une. O rebanho clama por um pastor que não fuja dos lobos. As ovelhas, feridas por ideologias destrutivas, confusas por silêncios covardes, anseiam por proteção. Leão XIV foi escolhido para confirmar os irmãos na fé, e não lhe pedimos nada além disto: sede Pedro. Sede Leão. Clareza, coragem, liturgia e proteção.
A barca de Pedro enfrenta tempestades — desde escândalos financeiros e de assédio sexual até debates sobre o papel das mulheres e a inclusividade. Contudo, Cristo vela com seu Vigário. Leão XIV, com sua experiência missionária, habilidade istrativa e clareza doutrinária, parece preparado para guiar com fidelidade a Igreja, que andava um pouco perdida. Como disse São Vicente de Lerins: “Alguns papas, Deus nos dá. A alguns, Ele tolera. Outros, Ele nos inflige”.
Coragem, Santo Padre. Rugi como um leão. Não temais ser sinal de contradição. Nós oramos por vós — mas precisamos da vossa voz. Fortalecei-nos na fé. O rebanho clama por um pastor que não fuja dos lobos. As ovelhas, feridas por ideologias destrutivas, confusas por silêncios covardes, anseiam por proteção. Sede Pedro. Sede Leão. Clareza, coragem, liturgia e proteção.
Oremos para que um dos homens mais importantes do mundo, como mostra a história, honre o trono de Pedro em primeiro lugar, mas que jamais esqueça de honrar também os sagrados pilares que sustentam o Ocidente, preciosamente estabelecidos pelos Pais Fundadores da sua querida América.

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A escolha do novo Papa, um americano e com posicionamento bastante claro no que se refere a defesa dos verdadeiros valores cristãos ocidentais, não deixa de ser uma surpresa, mas também não deixa de ser alvissareira, pois teremos daqui pra frente uma igreja que caminhe efetivamente no mesmo rumo dos valores dos fieis.
Por que a eleição foi feita em papel?
Por que não as urnas eletrônicas brasileiras, referência em tecnologia avançada jamais vista nesta galáxia?
Ruben Berta se inspirou na encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII para criar a Fundação dos Funcionários da Varig em 1945.A escolha do nome tem alguma ligação com o ado. A tentativa do Francisco pós mortem escolher o nome do novo Papa falhou.Isso já demonstra personalidade para colocar a doutrina católica novamente nos trilhos.
Cristãos
Parabéns Ana Paula! Você nos dá esperança de que tenhamos um Papa para, realmente, defender os valores cr6!
Parabéns. Escreveu bonito..
Gostei da posição dele ,está certo
Òtimo artigo! Que ele consiga orientar a nós todos para que o mundo saia da confusão em que está. Que os valores tradicionais (ETERNOS) sejam prestigiados!
O papa, com sua teoria que “as fronteiras nao podem ser muros…”, podera dar bom exemplo, derrubando os muros do Vaticano a abrigando algumas dezenas de imigrantes em seu interior.
Falou pouco mas falou bonito, Marcio. Chega de hipocrisia. Quer defender imigrantes? Antes disso acolha um.
Boa. Pimenta nos olhos alheios é refresco.
Ana Paula!! Vc não fez um comentário e Sim uma oração! Que essa oração chegue perfumada ao senhor Jesus Cristo e a todos os povos! Tanto aos que O conhecem quanto aos que arão a conhece-LO! Amém 🙏
Parabéns! Ana Paula, pela sensatez em seu discurso. Sem sombra de dúvida a sua clareza em um tema tão polêmico nos dias de hoje você consegue transmitir o que de fato é preciso.
Fraterno abraço .