Em agosto de 2001, quando dirigia a redação da revista Época, o jornalista Augusto Nunes decidiu ir na contramão de todos os outros veículos de comunicação. Em vez de colocar na capa a queda do helicóptero que levava o filho do empresário Abilio Diniz e outras duas pessoas, escolheu como reportagem principal um perfil de Jorge Amado, que completaria 89 anos no dia 10 daquele mês. O texto, de autoria do próprio Nunes — um apaixonado pela obra do escritor baiano —, fora escrito como se cada um dos principais personagens de Amado estivessem comemorando o aniversário do seu criador.
A decisão editorial chegou a ser criticada — até que uma reviravolta do destino lhe deu outro sentido. Com a revista recém-chegada às bancas, Jorge Amado morreu, quatro dias antes do aniversário. O impacto foi tão grande que a edição precisou ser reimpressa. Pouco depois, Paloma Amado, filha do romancista, contou que aquele fora o último texto que ela leu para o pai, já bastante doente.
Coincidências como essa se repetiram algumas vezes ao longo da carreira de Nunes. A mais recente aconteceu nesta quinta-feira, 15. Com a reportagem de capa da semana praticamente pronta, veio a notícia: o cartola baiano Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF depois de uma série de acusações de desperdício bilionário, compra de votos e suspeita de falsificação de , fora o resto. Com a nova informação, um tema que já era relevante tornou-se central.
Para reunir todas as informações disponíveis e buscar novidades sobre o caso, Nunes contou com a ajuda de Eugenio Goussinsky. Repórter especial de Oeste, Goussinsky transita entre os temas esportivos e a política externa com igual desenvoltura. Se lesse algumas de suas reportagens, o presidente Lula talvez não tivesse, durante a recente viagem à China, comparado Mao Tsé-Tung a si mesmo e a Revolução Chinesa aos seus governos. Essa e outras declarações igualmente absurdas estão no artigo de J.R. Guzzo.
“Com a mente já embaralhada por sua atual bebedeira geopolítica, segundo a qual o principal objetivo estratégico da Rússia e da China é serem aceitas no círculo de amigos íntimos do Brasil, o presidente ficou à altura do seu acervo pregresso de declarações cretinas”, observou Guzzo. “Saiu dizendo que Mao Tsé-Tung liderou o que teria sido uma revolução humanitária em 1949 — quando é fato histórico, comprovado e indiscutível que a imposição do regime comunista na China foi um dos episódios de maior selvageria na história humana, com um mínimo de 40 milhões de mortos em resultado das ações do ‘governo revolucionário’. Nem na China se elogia Mao hoje em dia — e, fora a ditadura, não existe absolutamente mais nada no país que lembre o ‘maoísmo’ irado por Lula.”
Assim como na China comunista, Lula e seus aliados estão cada vez mais obcecados com a ideia de censurar as redes sociais. Nesta terça-feira, por exemplo, ao comentar o vazamento de uma conversa entre Janja e Xi Jinping sobre o TikTok, o presidente afirmou que não era possível “a gente continuar com as redes digitais cometendo os absurdos que cometem e a gente não ter a capacidade de fazer uma regulamentação”.
O presidente intensificou as críticas às redes sociais depois que um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira atingiu 330 milhões de visualizações e ajudou a enterrar o plano de monitorar transações via Pix acima de R$ 5 mil por mês. Uma reportagem nesta edição também conta como foi o embate entre um parlamentar digital e um governo terrivelmente analógico.
Boa leitura.
Branca Nunes,
Diretora de Redação

Gostaria de comentar algo que, por ser específico, a despercebido, embora trate de bilhões de reais: s decisão da nova xerife do INSS de implantar a identificação biométrica para combater a fraude! É mais que ridículo, é surreal! Deixam de lado a investigação dos fraudadores e se concentram nos empréstimos consignados, e onde não há indícios de fraude! Outra coisa: se as pessoas não tão iletradas que não sabem o que assinam, farão o que com identificação biométrica, que certamente sem sabem o que é e é muito mais fácil de fraudar? Triste…
Mais uma grande edição OESTE para a história.
Gilmar Mendes, mais um dos apelidos do Capiroto.
J
Gilmar me fez lembrar o comentário de Joaquim Barbosa sobre os jagunços de suas fazendas em Mato Grosso. FHC nesta escolha deu bola fora …
Carta impecável, mais com cara de crônica que de carta.
Parabéns, outra vez.
Só com essa da CBF já pra esse ladrão desse Gilmar estar preso. Imagina o que ele tem de semelhantes acumulado na carreira de parasita público
É, meus caros. Nessa terra Brasil o que não faltam são assuntos para as redes sociais e o bom humor!
Haja ignorância, ladroagem, gatunagem e outros mais!
A leitura abre a nossa mente. Alarga nossos horizontes. Vc é o que lê.
O Brasil tem jeito?