A pneumonia atípica (popularmente chamada por vezes de “pneumonia silenciosa”) tem chamado a atenção de profissionais da saúde e da população devido ao seu comportamento discreto e, muitas vezes, difícil de identificar. Segundo a alergologista Amanda Plácido – (RQEs 17086; 15355) diferente da pneumonia tradicional, essa forma da doença pode afetar principalmente crianças, bebês, idosos e pessoas com imunidade reduzida, sem apresentar os sintomas clássicos que costumam alertar para o problema. Recentemente, observa-se também um aumento nos casos em adultos com doenças respiratórias crônicas, como asma e DPOC, o que reforça a necessidade de vigilância em todas as faixas etárias.
O termo “atípica” refere-se justamente à ausência ou alteração dos sinais evidentes, como febre alta e tosse intensa. Em muitos casos, o quadro pode se manifestar apenas com uma tosse leve ou um cansaço persistente, fatores que podem ser facilmente confundidos com outras condições menos graves. Isso torna fundamental a atenção aos detalhes e à persistência dos sintomas, especialmente em grupos mais vulneráveis. Além disso, sintomas gastrointestinais como náuseas ou diarreia também podem estar presentes, confundindo ainda mais o diagnóstico.
O que é pneumonia atípica?
A pneumonia atípica é uma infecção pulmonar que evolui sem os sintomas típicos da doença, dificultando o diagnóstico precoce. Ela ocorre quando agentes infecciosos, como bactérias ou vírus, provocam inflamação nos pulmões, mas o organismo não reage com os sinais clássicos, como febre alta ou tosse produtiva. Essa característica faz com que o quadro possa se agravar sem que o paciente ou seus familiares percebam a gravidade da situação. Em ambientes fechados e com pouca circulação de ar, o risco de transmissão desses agentes aumenta, principalmente em períodos de surtos virais sazonais.
Entre os principais fatores de risco estão a idade avançada, a infância, doenças crônicas e o comprometimento do sistema imunológico. Em pessoas nessas condições, o corpo pode não apresentar respostas inflamatórias intensas, tornando a infecção mais difícil de ser detectada apenas pela observação dos sintomas comuns. Fumantes, pessoas em uso de medicamentos imunossupressores ou que estejam em tratamento de doenças oncológicas compõem grupos de risco adicional.
O Mycoplasma pneumoniae é considerado uma das principais causas de pneumonia atípica, sendo especialmente frequente em crianças e adultos jovens. Essa bactéria é responsável por grande parte dos casos desta doença e desperta atenção dos profissionais de saúde devido ao seu potencial de causar sintomas discretos, mas de evolução potencialmente grave se não for reconhecida precocemente. Outras bactérias, como Chlamydophila pneumoniae e Legionella pneumophila, também podem causar pneumonia atípica, com características clínicas semelhantes.
Quais são os sintomas da pneumonia atípica?
Os sinais dessa forma de pneumonia costumam ser sutis e facilmente confundidos com quadros virais leves ou indisposição ageira. Os sintomas mais frequentes incluem:
- Tosse discreta, muitas vezes seca e persistente
- Sensação de cansaço ou moleza no corpo
- Falta de apetite
- Febre baixa ou ausência de febre
- Desânimo ou irritabilidade, especialmente em crianças
- Confusão mental, especialmente em idosos
- Dores musculares e dor de cabeça leves, que podem acompanhar outros sintomas
- Em certos casos, dor de garganta ou desconforto no peito
Em alguns casos, pode haver uma febre que dura apenas um ou dois dias e desaparece rapidamente, sem levantar suspeitas. No entanto, mesmo com sintomas leves, a infecção pode evoluir para quadros mais graves, como derrame pleural ou pneumonia bilateral, aumentando o risco de complicações. Quando não tratada, pode haver diminuição do oxigênio no sangue, o que se manifesta como dificuldade para respirar ou lábios arroxeados.
Em idosos, a pneumonia atípica pode se manifestar principalmente por confusão mental ou alteração do estado mental, o que pode tornar o diagnóstico ainda mais desafiador e atrasar o início do tratamento adequado. Em pessoas com comorbidades, pode haver piora súbita das condições de base, como descompensação cardíaca ou agravamento da falta de ar em portadores de doença pulmonar crônica.

Como identificar e agir diante da pneumonia atípica?
É fundamental buscar avaliação médica sempre que sintomas respiratórios leves persistirem por vários dias, especialmente em crianças, idosos ou pessoas com doenças crônicas. A demora no diagnóstico pode resultar em complicações sérias, já que a inflamação pulmonar pode se expandir de forma silenciosa. Exames clínicos e de imagem, como radiografia de tórax, são essenciais para confirmar a presença da infecção e orientar o tratamento adequado.
Além dos exames de imagem, o diagnóstico pode incluir a solicitação de exames laboratoriais, tais como hemograma e testes de PCR para vírus, que ajudam a identificar o agente causador da pneumonia e direcionar o tratamento mais adequado. Em alguns casos, outros exames, como tomografia do tórax ou testes sorológicos específicos para Mycoplasma ou Chlamydophila, podem ser solicitados para esclarecer o diagnóstico.
Algumas dicas para reconhecer sinais de alerta incluem:
- Observar mudanças no comportamento, como sonolência excessiva ou irritabilidade
- Monitorar a presença de tosse persistente, mesmo que discreta
- Ficar atento à dificuldade para respirar ou respiração acelerada
- Notar se há piora progressiva do quadro, mesmo sem febre
- Observar episódios de confusão mental, desorientação ou dificuldade de atenção, particularmente em idosos
- Identificar sinais de agravamento, como batimento de asas nasais ou uso de musculatura ória na respiração
Pneumonia atípica: como prevenir e tratar?
A prevenção da pneumonia atípica envolve cuidados semelhantes aos recomendados para outras infecções respiratórias. Manter a vacinação em dia, higienizar as mãos com frequência e evitar contato com pessoas doentes são medidas importantes. Para grupos de risco, como crianças pequenas e idosos, o acompanhamento regular com profissionais de saúde é essencial. O controle de doenças crônicas, cessação do tabagismo e manutenção de ambientes bem arejados são estratégias adicionais que ajudam a reduzir riscos.
Importante observar que não existe vacina específica contra o Mycoplasma pneumoniae, principal agente responsável pela chamada “pneumonia silenciosa”. Por isso, as medidas preventivas gerais, como higiene adequada das mãos, evitar o contato com pessoas doentes, manter ambientes ventilados e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar são fundamentais para reduzir o risco de transmissão da bactéria e de outras infecções respiratórias. Em ambientes escolares ou coletivos, a rápida identificação de casos e afastamento temporário do convívio podem ajudar a conter surtos.
Recomendações da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a pneumonia, incluindo suas formas atípicas, como uma das principais causas de morbidade e mortalidade global, especialmente entre crianças menores de cinco anos, idosos e pessoas com condições crônicas. A OMS destaca a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado para evitar complicações graves e reduzir a mortalidade associada à doença. Com relação à pneumonia atípica, a OMS recomenda atenção especial para sintomas inespecíficos, ressaltando que esses quadros podem ser facilmente subdiagnosticados.
De acordo com as orientações da OMS, a abordagem inicial deve incluir:
- Vigilância clínica: observação rigorosa de sintomas persistentes ou agravantes, mesmo que leves, principalmente em grupos vulneráveis.
- Educação em saúde: campanhas educativas para aumentar o conhecimento da população sobre os sinais precoces de pneumonia.
- o a serviços médicos: garantir que crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas tenham o facilitado a avaliação médica e exames de diagnóstico.
- Abordagem integrada: integração do cuidado entre atenção primária, serviços especializados e hospitais, visando resposta rápida a sintomas respiratórios.
- Prevenção: incentivo à vacinação contra agentes comuns de pneumonia tradicional, cuidado rigoroso com higiene das mãos, ventilação adequada dos ambientes e uso de máscaras em situações de surtos respiratórios.
- istração racional de antibióticos: a OMS reforça que o uso de antibióticos só deve ser feito sob prescrição, evitando a resistência bacteriana.
A OMS também recomenda esforços internacionais para vigilância de surtos, desenvolvimento de novas vacinas e investimento em métodos diagnósticos mais rápidos, especialmente em áreas com recursos limitados. Ressalta-se que a prevenção e o tratamento imediato da pneumonia, mesmo em suas formas atípicas, podem evitar complicações de saúde e mortes evitáveis em todo o mundo.
Fontes Oficiais
- Fiocruz – O que é pneumonia?
- Sociedade Brasileira de Infectologia – Pneumonia: causas, sintomas e tratamento
- Ministério da Saúde – Cuidados e prevenção contra a pneumonia
- Drauzio Varella – Pneumonia
- Conselho Federal de Medicina – Pneumonia: o que é, sintomas, tratamentos e prevenção
- Organização Mundial da Saúde (OMS)