A intolerância à lactose é uma condição que pode manifestar-se em pessoas em diferentes fases da vida, não estando restrita apenas à infância. O problema ocorre quando o organismo apresenta dificuldade em digerir a lactose, açúcar presente no leite e em seus derivados. De acordo com o médico, Dr. Drauzio Varella – (CRM-13.449 SP) esse quadro pode manifestar-se tanto de forma congênita quanto adquirida ao longo dos anos, impactando a rotina alimentar e a qualidade de vida de quem convive com ele.
É importante diferenciar a intolerância à lactose da alergia à proteína do leite. Enquanto a intolerância à lactose é a incapacidade de digerir o açúcar do leite devido à deficiência da enzima lactase, a alergia ao leite envolve uma resposta do sistema imunológico às proteínas do leite, podendo causar reações mais graves. Essa distinção é fundamental para evitar confusões e promover o tratamento correto para cada condição.
O principal fator envolvido na intolerância à lactose é a diminuição ou ausência da enzima lactase, responsável por quebrar a lactose durante a digestão. Sem essa enzima em quantidade suficiente, a lactose não é devidamente processada, levando ao surgimento de sintomas desconfortáveis após o consumo de produtos lácteos. Essa deficiência pode ser permanente ou temporária, dependendo da causa subjacente.
Quais são os tipos de intolerância à lactose?
Existem diferentes formas de intolerância à lactose, cada uma com características específicas. A intolerância primária, também conhecida como hipolactasia primária adulta, é a mais comum e ocorre quando, com o ar do tempo, o corpo reduz naturalmente a produção de lactase. Esse processo pode começar na adolescência e se intensificar na vida adulta, tornando a digestão do leite mais difícil.
Já a intolerância secundária surge como consequência de algum problema de saúde que afeta o intestino, como infecções, inflamações, uso de certos medicamentos ou cirurgias gastrointestinais. Nesses casos, a produção de lactase pode ser interrompida temporariamente, mas tende a se normalizar após o tratamento da condição que provocou o desequilíbrio. Exemplo de doenças que podem levar à intolerância secundária são a doença celíaca e a doença de Crohn, que afetam a mucosa intestinal e comprometem a produção adequada da enzima lactase. Há ainda a forma congênita, rara, em que a pessoa nasce sem a capacidade de produzir lactase, manifestando sintomas logo nos primeiros meses de vida.
A intolerância à lactose congênita é uma condição genética extremamente rara. Essa forma impede o aleitamento materno, pois o recém-nascido não consegue digerir sequer o leite da mãe, manifestando sintomas graves logo nos primeiros dias de vida. Esses bebês necessitam de fórmulas especiais isentas de lactose para garantir seu desenvolvimento e nutrição adequados.
Quais são os sintomas da intolerância à lactose?
Os sintomas da intolerância à lactose geralmente aparecem pouco tempo após a ingestão de alimentos que contêm esse açúcar. Entre os sinais mais comuns estão dor abdominal, inchaço, excesso de gases e episódios de diarreia. A intensidade dessas manifestações pode variar de acordo com a quantidade de lactose consumida e o grau de deficiência da enzima lactase.
Em alguns casos, pessoas com intolerância leve conseguem tolerar pequenas quantidades de leite ou derivados sem apresentar sintomas significativos. Já em quadros mais severos, até mesmo pequenas porções podem desencadear desconforto. Por isso, a identificação dos alimentos que provocam reações é fundamental para o controle da condição.
Como é feito o diagnóstico e o controle da intolerância à lactose?
O diagnóstico da intolerância à lactose costuma ser realizado por meio da avaliação clínica dos sintomas e, quando necessário, de exames específicos, como o teste de tolerância à lactose ou o teste do hidrogênio expirado. Esses procedimentos ajudam a confirmar se a dificuldade digestiva está realmente relacionada à presença de lactose na alimentação.
O tratamento da intolerância à lactose não visa a cura definitiva, mas sim o controle dos sintomas. As principais estratégias incluem:
- Adotar uma dieta com restrição ou exclusão de alimentos que contenham lactose;
- Utilizar produtos lácteos sem lactose, amplamente disponíveis no mercado;
- Fazer uso de suplementos de lactase antes das refeições que contenham leite ou derivados;
- Observar atentamente os rótulos dos alimentos industrializados, pois muitos contêm lactose em sua composição.
Em situações de intolerância secundária, o restabelecimento da produção de lactase pode ocorrer após o tratamento da causa principal, permitindo a reintrodução gradual de produtos lácteos na dieta.

É possível prevenir a intolerância à lactose?
Não há formas comprovadas de prevenir o surgimento, especialmente nos casos em que a redução da lactase ocorre naturalmente com o envelhecimento. O que pode ser feito é monitorar os sintomas e buscar orientação médica ao perceber desconfortos digestivos recorrentes após o consumo de leite e derivados.
O acompanhamento profissional é importante para garantir uma alimentação equilibrada, evitando deficiências nutricionais, principalmente de cálcio e vitamina D, nutrientes presentes em produtos lácteos. A orientação adequada contribui para que a pessoa mantenha uma dieta saudável, mesmo com as restrições impostas pela intolerância à lactose.
O conhecimento sobre e suas diferentes formas de manifestação é fundamental para o manejo adequado da condição. Com informações corretas e acompanhamento especializado, é possível conviver com a intolerância, mantendo o bem-estar e a qualidade de vida.
O que recomenda a OMS sobre a intolerância à lactose?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece como um problema comum de saúde digestiva, afetando milhões de pessoas ao redor do mundo. Entre as principais recomendações da OMS para o manejo da intolerância à lactose estão:
- Diagnóstico preciso: A OMS reforça a importância de um diagnóstico adequado, preferencialmente realizado por profissionais de saúde, para diferenciar intolerância à lactose de outras condições como alergia ao leite ou síndromes intestinais.
- Dietas personalizadas: A OMS orienta que portadores de intolerância à lactose adaptem sua alimentação de acordo com a tolerância individual, optando por alternativas sem lactose e garantindo a ingestão suficiente de cálcio, vitamina D e outros nutrientes importantes.
- Educação alimentar: É recomendada a educação sobre leitura de rótulos e identificação de produtos industrializados que podem conter lactose, além de informações sobre substitutos do leite animal, como bebidas vegetais fortificadas, iogurtes sem lactose e queijos maturados, que contêm menor teor de lactose.
- Suplementação: A OMS considera aceitável o uso de suplementos de lactase sob orientação profissional, especialmente quando a restrição total à lactose não é possível.
- Acompanhamento profissional: Segundo a OMS, o acompanhamento com nutricionistas ou médicos é fundamental para prevenir deficiências nutricionais, especialmente nos casos em que o consumo de laticínios é significativamente reduzido.
Essas recomendações visam garantir que pessoas com intolerância à lactose mantenham uma dieta equilibrada e adequada às suas necessidades, promovendo qualidade de vida e saúde intestinal.
Fontes Oficiais
- Ministério da Saúde – Intolerância à lactose: entenda as diferenças
- Drauzio Varella – Intolerância à lactose
- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Intolerância à lactose
- Conselho Federal de Farmácia – Boletim sobre intolerância à lactose
- Nutritotal – Prevalência e manejo da intolerância à lactose no Brasil